segunda-feira, dezembro 31, 2007

(Pensamento) Emendar

Pode não ser possível voltar atrás para emendar a mão, mas é sempre possível fazer diferente para a frente.

(Poema) Precisão

Olhar,
profundo, por dentro,
ver,
perfeito, sem lamento.

Analisar,
directo, por fora,
ler,
completo, sem hora.

Seleccionar,
único, por nós,
escolher,
agora, sem estarmos sós.

(Pensamento) Beleza

A beleza física, por si só, não faz de ninguém uma pessoa especial. A verdadeira beleza está na atitude, na coerência, na estabilidade, na decência, na fidelidade dos sentimentos e no respeito por si próprio.

sábado, dezembro 29, 2007

(Pensamento) Escolhas Amorosas

Uma escolha amorosa não deveria ser feita apenas com o nosso sentir, mas também com o nosso pensar. E quando assim não acontece, não raras vezes o nosso pensar cria incompatibilidades interiores com o nosso sentir, muitas vezes difíceis de ultrapassar.

À pergunta "Se o coração ama, porque tem a razão de escolher o contrário?", poderia responder: "O gostar vem do sentir como o orgulhar vem do pensar".

Para mim, uma escolha amorosa tem um misto de sentir e de pensar, porque tudo o que compõe o amor vem dos dois lados. E por isso mesmo, o amar precisa de tempo, porque se o sentir pode acontecer rápido, o pensar necessita de conhecer para acontecer.

(Comentário) Meio Ano

Meio ano mau demais dentro de todo um ano para esquecer.

Meio ano de ausências, de desencontros, de desilusões, de bichos e papões; de pesadelos, de acidentes, de demências, de marcas e aparências; de abandonos, de enganos, de mentiras, de perdas e partidas.

Valeram-me alguns dos amigos que teimam em não me largar a mão.

Não sei se mereço muito ou pouco, mas desta vez atrevo-me a pedir mais e melhor.

(Comentário) Papeis que Parecem Pipocas

Os meus papeis parecem pipocas... não sei bem o que se passa com eles... mas, à semelhança das pipocas que se multiplicam no seu tamanho, também os meus papeis de alguma forma aumentam de volume todos os dias.

Magia ou pura desorganização?

(Poema) Tempo Demais

Dei-te tempo demais
para repensares a tua posição,
dei-te tempo demais
para redescobrires o teu coração.

Perdi tempo demais
numa espera infindável,
perdi tempo demais
numa agonia inaceitável.

Pensei tempo demais
numa imagem que não se aplica,
pensei tempo demais
numa postura que não se verifica.

Estraguei tempo demais
uma vida que pode ser boa,
estraguei tempo demais
em muitos anos de vida à toa.

Tudo foi tempo demais
até me conseguir reencontrar
mas cheguei aos dias de hoje
novamente pronto para continuar.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

(Pensamento) Soluções

Encontrar dentro de nós a solução para um problema difícil pode acabar por ser tarefa fácil. Normalmente, as respostas para todos os problemas estão dentro de nós.

Tarefa árdua, por vezes, é implementá-la, dar-lhe todo um corpo, principalmente quando a mesma tem consequências em terceiros.

Para isso, é necessário coragem e determinação.

(Comentário) Natal Em Família

Não há Natal comparável ao Natal em família. Por poucos que sejam, quando a família está novamente toda junta, parece que tudo o resto desaparece como que por magia. Vê-se no rosto a felicidade de cada um.

Este ano, até eu tive um verdadeiro Natal em família.

terça-feira, dezembro 25, 2007

(História) Em Lados Opostos

Não sei o nome dele, mas chamar-lhe-ia Miguel porque me lembrou o meu querido irmão...

Tinha um traço fino, os cabelos já um pouco grisalhos fruto dos 40 anos e a postura de quem um dia teve uma vida idêntica à minha.

Mas o seu olhar estava agora disperso, vagueando pelas mesas e por aquele prato que pousava à sua frente. Tinha-se perdido nas linhas da vida.

Mudou a sua sorte e mudaram também os amigos de outrora pelos amigos que agora o acompanham. Amigos de uma vida triste, de vícios e de dependências.

Conversamos um pouco e tentei tirar-lhe a vergonha de ali estar. Servi-o. E, durante aqueles longos minutos, tentei tomar conta dele da melhor forma que pude.

Estou certo de que nascemos do mesmo lado. Mas, naquela hora, encontramo-nos em lados opostos.

(Comentário) Não Sou o Único

Não sou o único e nada fiz de extraordinário, de louvável ou de diferente. Continuo a ser uma parte ínfima do bem que tantos fazem e fiz apenas parte de um movimento tão vasto quanto rico, que não fazia a mínima ideia existir.

Fico feliz por não ser nada. Porque este nada significa que há outros milhares com disposição igual à minha, espalhados por todo o lado. E no meio de todos nós, tantos tão jovens... com uma característica idêntica à nossa: o mesmo brilho da alma.

Hoje percebi que não sou nada. Hoje também percebi que não sou o único.

(Poema) O Que Vi, Vivi e Senti

O que vi
não foi ilusão,
o que vivi
encheu-me o coração
e o que senti
não tem explicação.

segunda-feira, dezembro 24, 2007

(Comentário) Dar o Natal

Hoje despi-me de tudo o que tenho...
dos bens, da roupa, do conforto, da casa, dos amigos, dos filhos, da família, dos dias de calendário e do meu próprio Natal.

Fiquei apenas com tudo aquilo que sou...
e este ano ofereci o meu Natal a todos os que precisavam...

... por uma simples razão: precisavam eles mais do meu tempo do que eu próprio.

domingo, dezembro 23, 2007

(Pensamento) Pessoas

Há pessoas grandes que não são grande coisa e pessoas pequenas totalmente marcantes.

(Pensamento) Viver

Viver é sempre melhor do que sonhar.

(Poema) Não Moro Mais em Mim

Cedi o meu espaço
a quem dele mais precisou
e deixei-me invadir
por quem assim o marcou.

Abri a minha alma
para que outros a possam sentir
pode agora ser usada
e ninguém terá de pedir.

Ofereci o meu amor
a quem morre de solidão
e espero com isto aquecer
um pouco mais cada coração.

E hoje... enfim...
não moro mais em mim.

sábado, dezembro 22, 2007

(Pensamento) Fazer e Perder

Há coisas na vida que não devemos fazer e há coisas na vida que não devemos perder.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

(Comentário) Vida

A vida pode ser bonita todos os dias. Depende em muito de nós, que todos os dias também, nascemos com ela.

(Pensamento) Estados

Até a nostalgia é um estado de espírito bonito. Profundo e cheio do mais puro sentimento. Sempre acontece quando um coração está aberto e momentaneamente sem defesas.

(Pensamento) Apostas

Todos sabemos que a vida é feita também de apostas e que muitas dessas apostas trazem esforços e privações enormes. Mas, normalmente, são aqueles que apostam com a atitude e postura correctas, os que sempre chegam mais longe.

(Poema) Leva Hoje a Minha Mão

Leva hoje a minha mão
e adormece com ela ao teu pé,
dou-te o bem que guardo no coração
porque me és mais do que uma fé.

Leva hoje a minha mão
e adormece bem agarradinha,
dou-te tudo o que de lindo tenho
porque tu também és minha.

Leva hoje a minha mão
e fica com ela para sempre,
ela a mim não me faz falta
se te souber todos os dias quente.

(Comentário) Casos e Uniões

Um caso é físico, uma união é mental.
Um caso é egoísta, uma união é dada.
Um caso é frio, uma união é temperada.
Um caso é finito, uma união é intemporal.
Um caso é pequeno, uma união é gigante.
Um caso é calculista, uma união é abrangente.
Um caso é quebrado, uma união é partilhada.
Um caso é pontual, uma união é arrebatadora.
Um caso é displicente, uma união é única.
Um caso é usado, uma união é nova.
Um caso é humilhante, uma união é cativante.
Um caso é triste, uma união é luz.

E como tu mesma dizes, também eu te digo...
tu não és um acaso, mas um caso nunca serás.

(Pensamento) Insegurança

A insegurança é uma característica comum a todo o ser humano. A diferença no nosso dia a dia faz-se apenas pelo modo como a combatemos.

(Comentário) Olhos e Alma

Eu acredito que há olhos que são o reflexo da alma. Digo-o pela transparência de alguns. E talvez seja por isso que muitas vezes a alma também consegue sentir o que os olhos estão a ver.

terça-feira, dezembro 18, 2007

(Pensamento) Perdoar

Uma boa parte da arte de viver bem assenta apenas numa única qualidade: a de saber como perdoar.

segunda-feira, dezembro 17, 2007

(Poema) Diapasão

Encaixas em mim
como uma pequena peça...
és um corpo único
numa linda perfeição.

Feita de prata
e toda trabalhada...
tens uma linha suave
como que feita à mão.

Vives hoje comigo
uma mesma sintonia...
quem sabe afinada
pelo mesmo diapasão.

(Comentário) Ranço

A insegurança, a mediocridade e a inveja tornam a mulher rançosa como a manteiga.

domingo, dezembro 16, 2007

(Poema) Tu e Tu

E porque te encantarei eu
se é apenas um contar?

E porque te seduzirei eu
se é apenas um soletrar?

Perguntas
porque te procuro eu?
porque sei o que é encontrar.

Perguntas
porque te quero eu?
porque sei onde quero chegar.

(Pensamento) Viver

Viver é encontrar o perfeito equilíbrio entre as palavras paixão, amor, liberdade, confiança, paz e verdade.

(Comentário) Escolhas

Ainda há quem escolha vidas longe dos valores familiares, dos laços afectivos, das cumplicidades de um par e da verdade na relação. Resta-lhes assim uma vida de aventuras inconsequentes. Na exacta medida do pequeno que merecem. Estou certo que não terão outra sorte.

(Comentário) Ensinar

Ensinaste-me tudo...

como amar, como suportar, como superar e como perdoar.

Ensinaste-me tudo...

como sofrer, como entender, como esquecer e como viver.

Ensinaste-me tudo...

como reagir, como servir, como construir e como sentir.

Ensinaste-me tudo.

(Poema) O Luar

Olhei-te na noite
e juntei-me ao luar,
transformaste as estrelas
no meu bem estar.

Vi vários planetas
num mundo à parte
e o que tu me escolheste
era mais belo do que Marte.

Namorei-te outra vez
com uma parte do olhar,
fizeste-me perceber que os cometas
acabam sempre por passar.

E ficamos nós aqui
num novo mundo de paixão,
acabamos sempre de mãos dadas
embalados pela mesma canção.

sexta-feira, dezembro 14, 2007

(Pensamento) Não Estruturados

Qualquer ser humano sem uma rede familiar directa e forte corre o risco de não ser estruturado.

(Pensamento) Esforço

Quantas vezes não basta querer mesmo muito para que as coisas mais incríveis apareçam feitas?

(Comentário) Tu Lembras-te?

Tu
lembras-te de mim
como
eu me lembro de ti?

Tu
lembras-te de como sou
como
eu me lembro de como tu és?

Tu
lembras-te de toda a minha vida
como
eu me lembro de toda a tua?

Tu
lembras-te de como precisas de mim
como
eu me lembro de como preciso de ti?

Tu
lembras-te dos meus sonhos
como
eu me lembro de todos os teus?

Tu
lembras-te da minha alegria
como
eu me lembro da leveza da tua?

E tu?
Tu
lembras-te de mim
como
eu ainda me lembro de ti?

(Poema) Leva-me Pela Mão

Leva-me pela mão
pelos caminhos que sentes seguros,
ampara-me a insegurança e a solidão
e traz-me um mundo novo mais uma luz
para embalar o meu pequeno coração.

Leva-me pela mão
pelos sons que sabes de harmonia,
acolhe no teu colo a minha ilusão
e guia-me por esse oceano fora
para me mostrares a sua imensidão.

Leva-me pela mão
por todas as letras que imaginas de paz,
seduz a minha alma com determinação
e protege-me desta terrível fragilidade
com a força da tua armação.

Leva-me pela mão
pelas terras que julgas de paraíso,
apoia o meu corpo em cicatrização
e lê-me com cuidado o futuro
que ambos sabemos ser de convulsão.

Leva-me pela mão
pelos ares de uma nova ordem,
segura este homem sem convicção
e enche novamente de esperança
o flagelo desta minha escravidão.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

(Pensamento) Correcta Visão

Ter a correcta visão do que somos para os outros, impede-nos de tropeçar nas mãos que pensamos um dia poder agarrar.

(Poema) Lágrima

Lágrima...

Símbolo da saudade, do morrer de um amor, de uma dor,
do sofrimento, da desilusão e do final de uma paixão.

Lágrima...

Símbolo de uma perda, de um adeus, da preocupação pelos seus,
do desmoronamento, da desistência e da física falência.

Lágrima...

Símbolo da alegria, do amor da alma, da paz e da calma,
do nascimento, da fraternidade e da pura amizade.

Lágrima...

Símbolo da luta, da raça da revolta, da força que se exolta,
do encantamento, da memória e da sede de vitória.

(Comentário) Blufs

Os "blufs" sempre envolveram riscos. Usar deste método nos assuntos mais sérios da nossa vida, parece-me tão suicída como brincar à "roleta russa".

quarta-feira, dezembro 12, 2007

(Poema) Vida Ideal

Queria poder desenhar
a minha vida ideal,
queria poder moldá-la
com traços de água e sal.

Sei de cor como ela é
e até os pequenos detalhes sei,
poderia hoje pintá-la toda
com as letras que sempre usei.

Dá-lhes um rasgo de luz
para que percebam quem eu sou,
e deixa-me usar as minhas tintas
para lhes mostrar para onde vou.

(Comentário) Ladrões de Esperança

São ladrões de esperança,

os homens da guerra e da opressão, da chantagem e da limitação, fíeis ao calabouço e à prisão, ao tiro e à humilhação, apoiantes do roubo e da agressão, do insulto e da negação.

É a maldade que os guia contra aqueles que não parecem ter perdão, destruíndo tantas vidas e famílias com uma impensável prontidão e não tendo misericórdia por quem será certamente também seu irmão.

São ladrões de esperança,

todos aqueles que ignoram os pobres, os infelizes e os desprotegidos, que não se incomodam com as lágrimas e com o desespero dos oprimidos, e negam uma qualquer ajuda aos indefesos, deficientes e arrependidos.

(Pensamento) Perdas

Quem vive apenas para si e para os seus, de uma forma egoísta e declarada, acaba por perder aqueles que por amor se lhe dedicam, de uma maneira irreversível e acertada.

(Poema) Queria

Queria o mar,
a brisa e o ar,
a tua companhia
e um dia para te recordar.

Queria o sal,
o bem e o mal,
o conforto do teu colo
e mais uma noite na Capital.

Queria o pecado,
o pequeno e o pesado,
o calor do teu corpo
e uma vida para ficar calado.

Queria a tua mão,
tuas linhas e coração,
o teu ar ofegante
e uma noite de paixão.

terça-feira, dezembro 11, 2007

(Comentário) Claro Como Água

Tudo está claro como água.

Tive sempre alguém com a coragem de me esperar, de não me abandonar, de me amparar e de em mim acreditar.

Tive sempre alguém com a coragem de me defender, de me entender, de me acolher e de para mim continuar a viver.

Tive sempre alguém com a coragem de me apoiar, de me segurar, de me incentivar e de a mim me cativar.

Hoje, tudo está claro como água.

(Dissertação) Linhas do Nosso Ser - Parte I

São diversas as linhas que enquadram o nosso ser no mundo do indivíduo, numa tipificação que se pretende global e abrangente.

Poderão existir variadas linhas com enúmeras métricas associadas mas, quanto a mim, o nosso ser enquadra-se em quatro grandes linhas de vida. E é sobre elas que constrói, dia após dia, a imagem pela qual será conhecido.

Começo assim por tentar tipificar o nosso ser nessas quatro grandes linhas: na linha ideológica, na linha emocional, na linha estética e na linha comportamental.

Sobre a linha ideológica recaem os nossos pensamentos e acções sobre o quotidiano, sobre as várias vertentes da sociedade e por vezes sobre os destinos profissionais que escolhemos trilhar, sempre que associados a uma ideologia.

A linha emocional diz respeito à forma como encaramos as relações, profissionais e pessoais, à forma como lidamos com os acontecimentos da nossa vida e à forma como lidamos com as amizades e com os amores.

Por outro lado, a linha estética guia as nossas escolhas em termos de beleza e de harmonia visual, a forma como nos tratamos e como nos vemos, a nós e aos outros.

Por fim, a linha comportamental assenta, quanto a mim, sobre as outras três linhas e é precisamente esta linha que nos desenha a verdadeira imagem que têm sobre nós. Encaro-a como a grande parte visível do nosso ser, a parte responsável pela comunicação com o exterior.

Sendo ela a parte de nós que comunica com o exterior, é também responsável por reunir os dados das partes ideológica, emocional e estética, e traduzi-los em linguagem comunicante para fora de nós. Assim, é ela que alimenta a forma como os outros nos encaram enquanto pessoa.

Tenho para mim que a linha comportamental de cada um deve ser estudada pelo próprio de antemão. Deve ser bem pensado o caminho que pretendemos para a mesma e deve ser construída uma corda de sustentação que nos guie no dia a dia. Acredito ainda que devemos esticar ao máximo a corta da nossa linha comportamental por forma a não ceder a tentações e não desviar daí o nosso rumo.

Devemos também lembrar-nos sempre que o passado faz parte de nós e que a sua linha comportamental indica claramente as nossas fraquezas e virtudes, precisamente porque é a parte de nós que tem contacto com o exterior.

Analisemos, nesta Parte I da Dissertação Linhas do Nosso Ser, o aspecto amoroso da nossa linha comportamental (criada com os dados da linha emocional) e tentemos perceber o que pode ela indiciar sobre nós.

Várias relações fugazes ao longo da nossa vida normalmente denunciam um conjunto de problemas, desde uma falta de auto-estima, uma precipitação por carência, a não noção do que realmente se quer, uma dificuldade em compreender quem é o parceiro e a impossibilidade de perceber as suas reais intenções (porque o pouco tempo nunca o permite), uma fraqueza sentimental e sentimentos pouco profundos (porque se gosta de muitos por pouca coisa).

Neste caso (no das pessoas com muitas relações) não falo de ausência de sentimentos, mas sim e necessariamente na fraqueza e debilidade dos mesmos, pois é improvável poder amar dezenas de pessoas numa única vida (eu não acredito).

Por outro lado, uma linha comportamental estável, segura e coerente indica quase sempre uma grande clarividência naquilo que se quer para nós, uma posse de um sentimento forte e estável que não cede à solidão e à carência, índices de auto estima vincados, valores claros e uma determinação muito forte.

Sendo certo que o difícil é encontrar a companhia certa para toda a vida (porque encontrar uma companhia qualquer é sempre mais fácil), é então normal que procuremos por uma linha comportamental digna e que denote estabilidade no parceiro. Do mesmo modo, também o parceiro procurará certamente algo de idêntico, pelo que temos de cuidar bem da nossa, sendo que ela será determinante para o futuro.

Neste contexto, e da mesma forma que pretendemos encontrar alguém especial, também esse alguém procurará uma outra pessoa especial em nós.

Ter uma corda esticada ao máximo na nossa linha comportamental, significa cuidar da nossa imagem ao não ceder a comportamentos precipitados. Significa também escolher o momento certo para apostarmos numa vida a dois. E esse momento certo só acontece depois de termos tido o tempo necessário para conhecer quem está do outro lado e, da mesma forma, quando o outro lado teve o tempo necessário para nos conhecer em profundidade a nós.

Quem ama sabe esperar. E quem for realmente especial irá ver nessa linha de comportamento a constância que pretende para a sua relação. Por outro lado, quem procura apenas um momento inconsequente não terá a paciência necessária para esperar, porque encontrará outras companhias mais fáceis de aliciar. E logo aqui estaremos a separar o correcto do precipitado. Sem esforço.

Se o que nos move é apenas encontrar "uma" companhia para a vida, certamente que não teremos de agir assim, mas se o que procurarmos for "a" companhia, então não será com qualquer outra linha comportamental que a iremos cativar.

Sei que não é um caminho fácil. Mas, que me lembre, é o único caminho que nos poderá levar a conhecer alguém realmente especial. Cada qual escolhe o caminho que quer trilhar, mas é bom que o escolha com consciência do fim da linha que o espera.

Uma grande parte das pessoas não mede as consequências dos seus actos porque acham que irão um dia pertencer ao passado. Mas, ao contrário do que pensam, o passado também diz quem hoje somos. E é nesse somatório de actos inconstantes, impensados, incoerentes e inconsequentes que por vezes os outros não se revêem.

Essa é a imagem que iremos transportar para o resto da vida.

domingo, dezembro 09, 2007

(Comentário) Vidas

Há vidas instáveis, vidas intratáveis,
vidas imutáveis, vidas inimagináveis
e há vidas recuperáveis.

Há vidas acomodadas, vidas estragadas,
vidas anuladas, vidas congeladas
e há vidas trabalhadas.

Há vidas abatidas, vidas destruídas,
vidas reduzidas, vidas suicídas
e há vidas renascidas.

Quanto à minha,
é tempo de a recuperar,
de a trabalhar
e de a fazer renascer.

sábado, dezembro 08, 2007

(Pensamento) Fim das Relações

O fim das relações prende-se muitas vezes com o crescimento de duas pessoas em direcções opostas até que pouco tenham em comum. Houvesse uma constante partilha dos sonhos e um caminho percorrido sempre de mão dada e o crescimento de ambos teria acontecido na mesma direcção.

(Comentário) Caminhos Tortuosos

Somos os únicos responsáveis por trilhar o nosso caminho e, às vezes, na vontade de melhorar, somos obrigados a escolher um caminho tortuoso e solitário porque acreditamos poder chegar a um paraíso, ainda que também ele incerto.

Mas este tipo de decisão não é para qualquer pessoa. Passamos invariavelmente de uma vida insatisfatória para uma época pior: de privação, de solidão, de recolhimento, de tristeza, de insegurança e muitas vezes de saudade.

Na melhor das hipóteses, esta época torna-se apenas numa primeira fase, grande ou pequena, de um sonhado renascimento. Para alguns, o paraíso pode mesmo estar perto e pode até ser encontrado.

(Poema) Fé Em Ti

Sabes que há uma vida para viver
muito diferente daquela que já vivi
e é nessa possibilidade que quero crer
porque hoje tenho muita fé em ti.

Não tenho medo de todo o mal do passado
nem das marcas que nos deixaram aqui
pois tudo tem forma de ser recuperado
e eu hoje tenho muita fé em ti.

Acredito na força de tudo recuperar
e por isso mantive tudo o que construí
sei que podes ter um novo despertar
porque hoje tenho fé em ti.

Vamos ser apenas uma mão
para reerguer aquilo que vi
entrego-te hoje o meu coração
porque tenho muita fé em ti.

(Pensamento) Rotina Ideal

A rotina de um amor pode trazer-nos uma sensação de paz, protecção e tranquilidade únicas. Chamo a isto a estabilidade madura de uma relação.

(Pensamento) Desajuste Temporal

O homem passa o início da sua vida a querer ser adulto e o resto do tempo a tentar regressar à infância. No tempo que medeia estas duas fases, farta-se de fazer asneiras.

(Poema) Me Agrega

Me da tu mano
ángel de la ilusión
vive a mi lado
te queda con mi corazón.

Me agrega a tu vida
hoy y mañana
deja-me desear-te
por toda la semana.

Limpia tus lágrimas
no te quedes así
tu ya tienes mi mano
porque yo siempre me quedare aquí.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

(Pensamento) Evolução Humana

Aos vinte somos arrogantes, aos trinta temos a mania que sabemos tudo, aos quarenta começamos a aprender e aos cinquenta, com sorte, somos maduros.

(Pensamento) A Palavra

A palavra por si só de pouco vale. Aumenta o seu valor e torna-se relevante apenas quando complementa os actos.

(Pensamento) Acções

Algumas acções podem ser mais belas e perfeitas do que uma simples aparência física.

(Poema) Metade de Mim

Queria ter
metade de mim
para amar
e outra metade
para ajudar.

Queria ter
metade de mim
para sorrir
e outra metade
para ouvir.

Queria ter
metade de mim
para dar
e outra metade
para sonhar.

Queria ter
metade de mim
para receber
e outra metade
para agradecer.

Queria ter
metade de mim
para chorar
e outra metade
para perdoar.

E queria ter
metade de mim
para te oferecer
e a outra metade
para poder renascer.

terça-feira, dezembro 04, 2007

(Pensamento) Pouco ou Muito?

Antes pouco de muito que muito de pouco.

(Pensamento) Natal Para Outros

Natal... é tempo de parar, de pensar, de assimilar, de ajudar, de apoiar, de amar, de lutar, de perdoar, de alterar, de adorar, de renovar, de modificar, de criar, de entregar e de sonhar.

É tempo de perceber, de ceder, de inverter, de conviver, de entender, de ver, de interceder, de absolver, de reverter, de fazer, de oferecer e de viver.

É tempo de dar a mão, de encontrar a solução, de realizar uma ilusão, de oferecer uma benção, de obter um perdão e de mudar um coração.

Natal... é tempo de iniciar uma nova vida, centrada na ajuda a todos aqueles que precisam. Olhem à vossa volta... porque são tantos!

(Pensamento) Preciosidades

Nem sempre tudo o que é precioso ofusca com a sua luz. Que a atenção vos ajude a descobrir estas raridades até no escuro.

(Comentário) Saber Esquecer

Saber esquecer é uma arte. E, como todas as artes, possível se a desejarmos aprender. Torna uma pessoa mais leve e elimina de vez o sofrimento.

(Pensamento) Toda a Noite

Há pessoas que agora levam a noite toda para fazer o que antes faziam a noite inteira.

(Pensamento) Pessoas Egoístas

Por norma, as pessoas egoístas acabam por não atingir os seus objectivos de vida porque, ao longo da sua caminhada, vão perdendo todos os seus possíveis aliados.

(Pensamento) Passado

Também o passado faz de nós o que hoje somos.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

(Pensamento) Sonhos

Os sonhos são para os caloiros. O homem realmente adulto não aguenta tanta decepção.

sábado, dezembro 01, 2007

(Comentário) Reencontros

Encontro-te sempre na adversidade. Trilhe o caminho que escolher, cruzo-me contigo no desespero e na perdição. És a arma que uso repetidamente para reconstruir o meu ser, porque me deixas à disposição as armas que possuis. E essas nunca quebram nas batalhas que enfrento.

(Comentário) Superficialidade

Como é que existem famílias que analisam superficialmente decisões importantes e decisivas, com impactos previsíveis em tanta gente e emitem opinião funcão apenas de um egoísmo individual? Não pensam nunca no quanto determinadas posições irão afectar irreversivelmente tantas pessoas inocentes?

(Pensamento) O Falso Amor

Há quem ame apenas de acordo com os seus interesses pessoais e não saiba amar com o coração. Mas este falso amor é sempre o mais fácil de desmascarar.

(Comentário) Espera

Obrigado por teres esperado por mim. O teu coração não tem tamanho.

sexta-feira, novembro 30, 2007

(Pensamento) Mentiras e Verdades

Normalmente as mentiras acabam por doer sempre mais do que as verdades. Enquanto que uma verdade dolorosa se pode perdoar, uma mentira indolor acaba sempre por arrasar tudo o que era dado como adquirido.

(Poema) Preciso de Alguém

Preciso de alguém que me dê a mão,
que não me deixe afundar
e que me cure a desilusão.

Preciso de alguém que me ouça falar,
que me traga alguma luz
e que me deixe desabafar.

Preciso de alguém que me faça sorrir,
que me limpe as lágrimas
e que me embale para dormir.

Preciso de alguém que me ajude a levantar,
que me liberte da tristeza
e que me ensine a voar.

Preciso de alguém que me tenha paixão,
que não me deixe desistir
e que me conquiste o coração.

(Comentário) Sonhos Errados

Já vivi sonhos errados, com pessoas erradas, nas alturas erradas. Quando irei perceber o óbvio? Está mesmo à frente do meu nariz...

(Pensamento) O Tempo

O tempo é a única dádiva da vida que nos é oferecida de forma igual. Nenhuma distribuição é tão justa e imparcial como esta.

Dar-lhe o uso certo está nas nossas mãos. Desperdiçá-lo deveria ser considerado uma heresia.

(Pensamento) Amores Únicos

Há pessoas que esperam uma vida inteira pelo único amor que um dia conheceram. Não são apenas fiéis ao ser humano mas também ao sentimento e resistentes ao tempo. Pessoas únicas para amores únicos.

quinta-feira, novembro 29, 2007

(Poema) Quien Eres Tú?

Quien eres tú
que me lees
de tan lejos
y de forma
tan regular?

Que hambre
es esa
de las palabras
que voy escribindo
cerca del mar?

Quien eres tú
de tierras de Vigo
que te acercas de mi
y me dejas
a pensar?

Quien eres tú?

(Pensamento) Família

A família não é necessariamente a base para uma vida feliz. Mas uma família pode dar um sentido à vida como poucas outras coisas podem. E sobre esse sentido é sempre mais fácil construir uma vida feliz.

(Comentário) Caminhos

O caminho por onde sempre andaste não é de todo aquele onde quero estar um dia.

(Comentário) Dúvidas

Não tenho dúvidas. Sei o que sinto, sei onde errei, sei até porque errei, mas também sei que sou capaz de fazer muito melhor. Porque aprendo, sinto, sofro, amo, sou simples e um bom Homem.

(História) Pedras Perdidas

Num mundo de águas e areias vivam duas pequenas pedras do mar. Uma, muito branca e redonda, habitava as profundezas do oceano. A outra, preta e de formato mais oval, fazia a sua vida no constante quebrar das ondas, onde o sal mais se fazia sentir.

Tanto uma como a outra, necessitavam da água para viver pois eram ambas simples pedras do mar. Existiam já há centenas de anos e nunca tinham conhecido outro local para além daquele que habitavam. Sonhavam um dia conhecer o resto do mundo e com isso encontrar uma ajuda para atingirem os respectivos objectivos de vida.

Tinham objectivos idênticos na essência, mas opostos no resultado. Sonhavam um dia poder alterar a sua cor - a branca para uma cor mais forte e escurecida, e a preta para uma cor mais aberta, mais suave.

Sofriam também de um mal comum: da enorme tristeza de viverem sós, da carência, da falta de companhia e de apoio, das palavras reconfortantes e de um amor inexistente. Sofriam ambas da solidão.

Mas um dia as suas vidas comecariam a mudar. Anunciavam agora, por todos os reinos do oceano, que estava para chegar a Fada dos Desejos e com ela, a dádiva de oferecer a cada habitante um desejo escolhido por eles.

No entanto, esse desejo não poderia ser escolhido função de um qualquer interesse oportunista, mas sim função de um sonho presente na vida de cada um.

Quando chegou a vez de cada uma das pedras, ambas pediram para mudar a sua cor, de acordo com o sonho que tinham. Era de facto um desejo antigo, mas o pedido não foi aceite desta forma. A Fada deu-lhes antes a capacidade de se moverem na água para que finalmente pudessem procurar aquilo que lhes faltava. E, ao dar-lhes essa capacidade, fez por elas muito mais do que na altura ambas poderiam imaginar. Haveriam um dia de alterar a sua cor e ao mesmo tempo acabar de vez com a solidão.

Depois do encontro com a Fada dos Desejos, puderam finalmente por-se a caminho da descoberta dos outros mundos. Uma saindo das profundezas do oceano e outra mergulhando um pouco mais no mesmo.

No curso dos caminhos inversos que ambas faziam, chegou o momento em que se cruzaram... estavam agora estupefactas a olhar para a cor que cada uma tinha, pois no fundo, era parte da cor que ambas queriam para misturar.

Percebiam agora que estavam perante um complemento das suas necessidades e, ao mesmo tempo, perante a supressão das carências de ambas.

Assim, as pedras, antes perdidas, encontraram-se finalmente para se fundirem numa só, maior, mais sólida, e para o resto da eternidade.

(Pensamento) Pequenez

Há momentos em que a injustiça, a arrogância e a prepotência dos outros nos fazem sentir seres bem pequeninos. A pequenez nem sempre é genética. Por vezes é resultado da malvadez de terceiros.

quarta-feira, novembro 28, 2007

(Comentário) Já Nos Fizemos Mal Demais

Já nos fizemos mal demais...

Insultamos o respeito, atropelamos a amizade, destilamos o amor, queimamos a dedicação, dilaceramos a dignidade, trituramos a admiração, abandonamos o cuidado, largamos a preocupação, agredimos o carinho e deixamos cair o apoio.

Já nos fizemos mal demais.

terça-feira, novembro 27, 2007

(Comentário) Amigos

Tenho a certeza de que poucos se podem gabar de ter verdadeiros amigos.

Amigos que colocam por vezes a nossa vida à frente da deles, por momentos grandes ou pequenos, dependendo das dificuldades por que passamos.

Amigos que, ao fazê-lo, pagam caro nas suas vidas pessoais essa escolha altruísta.

Amigos que assumem o prejuízo pessoal da escolha, sem que nos cobrem posteriormente essa dedicação temporal.

Amigos que não "picam o ponto" apenas porque vai ficar bem.

Amigos que dão porque sentem prazer em nos ver bem e sofrem sempre que estamos mal.

Amigos que arrastam a família nesta atitude humana para com o seu semelhante.

Tenho mesmo a certeza de que poucos se podem gabar de ter verdadeiros amigos. Eu, nestes últimos quatro anos, fiquei com a prova de que sou um dos iluminados por estas estrelas do céu.

Nota:
Este texto é para ti, tu sabes. Por me teres apoiado e amparado tanto, quando eu não tinha nada para dar (sem precisarmos sequer de falar ou de chorar), e com isso me teres devolvido a dignidade e o amor próprio.

Deste-me a oportunidade de um dia voltar a ser feliz.

Conta comigo, hoje e sempre, porque vives dentro de mim.

(Pensamento) Viver é Uma Arte

Viver é uma arte. Uma arte onde temos obrigatoriamente de trabalhar o respeito, a honestidade, a consideração, a frontalidade, a compreensão, a ajuda, o apoio, a relativização, a desculpa, a humildade, a franqueza, a amizade, o amor, o perdão e a camaradagem.

Na arte de viver, são estes alguns dos factores que nos irão ajudar a criar e a manter uma família, que se quer unida em torno de um objectivo, feliz no dia a dia, pronta para enfrentar dificuldades e capaz de viver em harmonia.

A vida tem-me ensinado muita coisas nos últimos meses, e hoje sei dar um valor ainda maior à arte de viver bem.

segunda-feira, novembro 26, 2007

(Comentário) Galdérias

Há mulheres que passam de admiráveis a galdérias em apenas um segundo. É obra.

(Comentário) Mentiras

Há mentiras que nos dilaceram a alma
e mentiras que nos trespassam o coração,
há mentiras que nos ferem o orgulho
e mentiras que nos arrasam a gratidão.

Mas no final
todas essas mentiras
destroem o agressor,
porquanto já sem máscara
essa sua nova cara
é um elemento libertador.

domingo, novembro 25, 2007

(Comentário) Sem Abrigo

Pobres dos homens sem abrigo, à mercê das intempéries e de tantas outras maldades, solitários na sua ausência de rumo, de calor humano, de atenção e de compreensão, de carinho e de umas míseras palavras de conforto.

Pobres dos homens sem abrigo, à mercê do nosso desdém e da nossa pena, sózinhos num mundo que lhes é agreste, desconfortável, que os rejeita e coloca de parte, como se de doentes epidémicos se tratassem.

Pobres dos homens sem abrigo, que outrora tiveram mundo, casa, amigos e família, rotinas, emprego, alimentos, cuidados, roupas e condições minimamente dignas de se ser um ser humano.

Pobres do homens sem abrigo, muitos deles inteligentes, que olham hoje para um outro mundo, fora do deles, que se movimenta no paralelismo das suas vidas e que os atropela constantemente na tentativa vã de os fazer desaparecer.

Pobres dos homens sem abrigo, agora ignorados pelo seu semelhante, humilhados pela vida decente dos seus irmãos e afastados pela ordem de uma sociedade que não contempla lugar para semelhantes pessoas.

São a estes sem abrigo que me dirigo na rua, com os quais gasto tempo, palavras e algum dinheiro, nunca muito, mas o suficiente para terem um dia diferente.

E são estes sem abrigo que agora fito nos olhos e que, a cada momento desses, consigo ler dentro das suas almas muito mais do que algum dia imaginei.

Eu estou do lado deles, e vocês?

(Poema) O teu Encanto

O teu encanto perdeu-se
à medida que fui sabendo quem tu eras
e a tua imagem acabou por se transformar
em algo que eu não podia suportar.

O teu encanto perdeu-se
com as mentiras que foste semeando
e a tua imagem acabou por se transformar
em algo que eu não podia admirar.

O teu encanto acabou por se ir perdendo.

sexta-feira, novembro 23, 2007

(Dissertação) Momentos Decisivos

Por diversas vezes, as mudanças exteriores que se dão à nossa volta colocam-nos perante desafios ou encruzilhadas que nos obrigam a reavaliar o nosso rumo e a tomar decisões função das mudanças que se nos deparam.

Não raramente, essas avaliações colocam-nos perante a necessidade de ajustar os nossos caminhos, procurando formas alternativas de, mesmo assim, atingir os objectivos a que nos propusemos.

No entanto, aqui ou ali, as mudanças são de tal forma tão radicais, que colocam em causa o atingir dos mesmos, pelo menos com os meios e pessoas que tinhamos antes pensado.

A vida, por não ser estática e por não depender apenas de nós (porque envolve sempre terceiros), altera frequentemente várias variáveis que fogem ao nosso controlo.

E a reacção a todas estas mudanças coloca-nos por vezes perante momentos decisivos.

Momentos onde as nossas decisões farão certamente ajustar os nossos rumos por forma a continuar no caminho dos nossos objectivos iniciais, ou alterar de forma radical o resultado final.

Decisivos porque uma alteração ao resultado final esperado nos coloca definitivamente fora do caminho inicial e nos obriga, muitas vezes, a alterar os meios e os recursos no caminho que pretendemos nos leve ainda aos objectivos definidos, ou a estabelecer inclusivé novos objectivos, invalidando assim por completo todo o caminho construído até então.

São, em definitivo, momentos decisivos.

Não conheço pessoa que goste de ser colocada numa posição destas. Mas conheço pessoas que não se acobardam perante estes desafios e os encaram até como novas oportunidades que a vida nos dá para refinar objectivos iniciais.

Mesmo por obrigação, e se com a atitude certa, o refinar de objectivos pode ser visto como uma oportunidade de melhorar.

Ninguém escolhe as dificuldades (apesar de poderem ser semeadas ao longo da vida), as vicissitudes ou as desgraças que a vida nos impõe. Mas todos sabem que estão sempre sujeitos a elas, porque não há forma de as controlar.

Assim, da mesma forma que os momentos decisivos são normalmente fruto de alterações externas, a maneira como reagimos às mesmas é fruto da nossa consistência interna.

E a nossa consistência interna assenta nas bases que fomos construindo dentro de nós ao longo da nossa vida.

Importa aqui perceber que o nosso carácter, a nossa força, a nossa resistência à adversidade, a nossa maturidade, a nossa atitude, a nossa postura e a nossa coragem serão chamadas a actuar e serão determinantes em cada momento decisivo.

E a solução encontrada para esse momento decisivo depende, na sua grande parte, das características de que somos feitos.

Trabalhemos então, todos os dias, a nossa base interior, porque aqui ou ali, ela será chamada a actuar e será determinante na construção de cada novo caminho.

Sempre acreditei que a mudança é uma dádiva da vida. Estejamos então bem preparados para ela.

quinta-feira, novembro 22, 2007

(Comentário) Ser Feliz

A vida tem-me mostrado que a maior parte das pessoas quer "ser feliz" e não "fazer alguém feliz"... e quando o egoísmo chega a este ponto, é natural que com o tempo tudo falhe à nossa volta.

(Poema) Já Me Senti

Já me senti amado,
já me senti cuidado,
já me senti
protegido, amparado e idolaterado.

Já me senti ignorado,
já me senti desrespeitado,
já me senti
coagido, torturado e espezinhado.

Já me senti um senhor,
já me senti um motivador,
já me senti
um rei, um sonhador e um mentor.

Já me senti um destruidor,
já me senti um estorvador,
já me senti
um impeçilho, um impostor e um ser inferior.

quarta-feira, novembro 21, 2007

(Pensamento) Alturas Certas

O ser humano tem uma capacidade limite para a dor, seja ela física ou emocional, a partir da qual não consegue sofrer mais. Assim, a melhor altura para acumular uma má notícia ou mais um problema grave, será sempre quando já estamos no limite da mesma.

(Pensamento) Adultos

Há vezes em que, de uma pessoa adulta, nada se aproveita.

(Pensamento) Palavra

Um dos nossos mandamentos deveria ser Falar. Não há nada mais triste do que deixar de usar a palavra. E numa grande parte dos casos, concluir seja o que fôr sem perguntar é precipitação.

(Comentário) Futuro

O futuro deixou de nos abraçar... empurrou-nos antes para dimensões distintas, que não se intersectam em nenhum ponto.

(Pensamento) Saber Aceitar

Aceitar uma fatalidade não é sinónimo de desistir. Muitas vezes é saber seguir em frente.

(Pensamento) Aquela Rocha

Mesmo no meio de um imenso oceano é possível encontrar a nossa rocha.

(Pensamento) Desespero

Só mesmo o desespero do momento nos faz querer ouvir terceiros a todo o custo, na tentativa de inverter um processo com destino já traçado.

(Poema) Faz Comigo

Faz bolas de sabão comigo...
ri, canta, dança e salta.

Faz desenhos nas paredes comigo...
fala, grita, mexe e abraça.

Faz castelos de areia comigo...
aproveita, constrói, acredita e agradece.

Faz sonhos de algodão comigo...
ama, cuida, recebe e oferece.

Faz broas de mel comigo...
acredita, aposta, aceita e investe.

(Pensamento) Rosa

A vida nem sempre é um mar de rosas. Às vezes parece-me mais uma rosa no meio de um interminável mar.

(Comentário) Notícias

Por vezes as piores noticias são as que nos doem menos. Será da anestesia do momento ou da libertação que provoca?

(Pensamento) Vontades e Realidades

Há vontades que se tornam realidade e realidades que não passam de vontades.

(Pensamento) Nós Próprios

Às vezes é precisa muita coragem para sermos nós próprios. Mas não me lembro de outra forma de morrermos em paz.

(Comentário) À Tua Espera

Fico à tua espera...

hoje...

...como fico todas as noites,
à espera que me ampares nos teus braços
e me mostres que todo este pesadelo
foi apenas um sonho mau.

segunda-feira, novembro 19, 2007

(Pensamento) Diferenças

Há quem faça a diferença na vida de alguém e há quem faça a vida de alguém diferente.

(Pensamento) Mão

Às vezes uma mão tem muito mais do que cinco dedos.

domingo, novembro 18, 2007

(Pensamento) Meia Hora

Meia hora,
é o tempo que demora
a deitar uma vida inteira
pela borda fora.

Apenas meia hora...

(Dissertação) Rumos

São os rumos, ou a falta deles, que nos vão determinando, dia após dia, o caminho das nossas vidas.

E pode esse trilho estar mais perto ou mais longe dos objectivos que traçamos para nós, consoante fomos trilhando rumos que nos aproximaram ou afastaram dos mesmos.

A falta momentânea de um rumo é frequentemente responsável por diversos afastamentos aos nossos objectivos de vida. Porque sem um rumo definido, as nossas acções vagueiam num espectro mais amplo e por vezes são responsáveis por trilhar caminhos contrários aos que desejamos.

A falta de um rumo deixa-nos à deriva e ao sabor de movimentos e direcções que, sendo muitas vezes da nossa responsabilidade, não estão alinhados com um plano.

Podemos chamar, ao conjunto de rumos que traçamos para a nossa vida, de plano, plano que nos poderá conduzir aos nossos objectivos.

Mas um plano ainda é mais do que isso.

A cada rumo traçado devemos associar um conjunto de acções que nos garantam a permanência no mesmo e um conjunto de acções perigosas que certamente nos afastarão da sua direcção.

Não precisamos de planos detalhados e complicados, mas sim de linhas mestras de actuação. Com elas evitamos muitas vezes precipitações que nos alteram ou fecham mesmo alguns caminhos.

As precipitações e as acções não ponderadas são quase sempre responsáveis pelas enormes distâncias entre o local onde estamos e o local para onde pretendemos ir.

E porque tudo o que não é ponderado tem impacto muitas vezes negativo em terceiros e, por sua vez, esses terceiros podem ter impacto sobre o caminho das nossas vidas.

Os terceiros funcionam várias vezes como elementos facilitadores ou como elementos dificultadores nas direcções que pretendemos tomar.

Não precisamos de nos subjugar à vontade de terceiros, mas podemos sempre evitar que se tornem elementos dificultadores activos. Basta para isso que pelo menos todas as nossas acções que sobre eles podem ter impacto, tenham sido ponderadas de forma antecipada.

Chegar com sucesso aos nossos objectivos de vida é sempre uma tarefa árdua e está sujeita a inúmeros factores que não controlamos, mas a existência de rumos é, definitivamente, um passo de gigante na sua direcção.

(Poema) Tudo És Tu

Olho o sol
e lembro o teu sorriso,
sinto o vento
e relembro os teus cabelos,
vejo a lua
e só peço a tua mão.

Olho o mar
e lembro a tua alegria,
sinto o calor
e relembro o teu corpo,
vejo as ondas
e só peço o teu coração.

Olho a paisagem
e lembro o teu rosto,
sinto a maresia
e relembro o teu perfume,
vejo as conchas na areia
e só quero a minha ilusão.

Tudo és tu.

(Poema) Em Mim

Olha para mim,
deixa de lado o orgulho,
abre a tua alma
e sente-me com muita calma.

Vê dentro de mim,
lê bem os meus olhos,
dá valor às suas palavras
e deixa que elas abram alas.

Volta para mim,
ampara-me nos teus braços,
vem no teu vagar
e vamos namorar.

Toca em mim,
sente o meu amor,
dá-me a tua mão
e eu dou-te o meu coração.

sexta-feira, novembro 16, 2007

(Comentário) Ingratidões

Há pessoas que esquecem depressa o passado.

Renegam as memórias, na ânsia de as esquecer e de não as ter de reconhecer perante outros. Minimizam acontecimentos, na vontade férrea de lhes tirar o peso que sempre tiveram. Dizimam pessoas que amaram, na esperança de que o seu valor se dissolva na água. Vitimizam-se a toda a hora, achando que assim se acabarão por convencer que os erros apenas pertencem a terceiros. Tornam-se fatalistas, para que as conclusões dos desfechos sejam sempre um apontar de dedo.

Mas choram, todos os dias, pelas mentiras em que se obrigam a acreditar. Porque, mesmo os loucos, aqui ou ali, têm rebates de consciência.

Há pessoas para as quais o passado é apenas o que interessa mostrar.

quinta-feira, novembro 15, 2007

(Comentário) O Erro é Meu

O erro é meu...

Por vezes não vejo, não sinto, não ouço, não leio, não percebo, não entendo, não crio, não imagino, não aceito, não desisto, não caio e não sonho.

E quando cai o "não", vejo mal, sinto ao contrário, ouço distorcido, leio errado, percebo torto, entendo lento, crio disforme, imagino monstros, aceito contrariado, desisto tarde, caio desamparado e sonho acordado.

O erro só pode ser meu.

quarta-feira, novembro 14, 2007

(Poema) Todos Têm Direito

Todos têm direito...
ao calor do raio de sol,
ao cheiro da maresia,
ao toque da chuva
e a um livro de poesia.

Todos têm direito...
a proteger o seu lar,
a defender a sua moral,
a ajudar quem precisa
e a alterar o que está mal.

Todos têm direito...
a não desistir do caminho,
a um dia poder sonhar,
a criar o seu rumo
e a nunca ter medo de lutar.

Todos têm direito...
a uma profissão digna,
ao amor dos filhos,
ao carinho da esposa
e à atenção dos amigos.

(Comentário) Coragem

Onde vais buscar tanta força para te agarrares ao teu sonho?
Onde encontras a esperança no meio de tantas desilusões?
Onde constroís tu a fibra de que és feita?
Onde arranjas a palavra que motiva quem te desdenhou?
Onde fabricas a espada com que sempre me defendes?

Porque esperas o milagre no meio das tormentas?
Porque aguardas pela vitória sempre em pé?
Porque me cultivas o amor apesar de longe?
Porque acertas nas decisões para cada momento?
Porque me encantas com o teu desacerto?

Coragem!

(Poema) Deixa-me Sossegado

Deixa-me sossegado
saber que a decisão foi tua
saber que não foi precipitada
e que a verdade não ficou nua.

Deixa-me sossegado
saber que estás bem
saber que seguiste outro caminho
e que não ficaste refém.

Deixa-me sossegado
saber que de nada sentes falta
saber que afinal não te perdeste
e que estás com a moral alta.

Deixa-me sossegado
saber que te equilibraste
saber que nada ficou pendente
e que tudo minoraste.

Deixa-me sossegado
saber que nada ficou por dizer
saber que o amor já não atrai
e que já não há nada a fazer.

Deixa-me sossegado
saber que não era o homem certo
saber que não há amargura
e que não estarás por perto.

Deixa-me sossegado
saber que agora posso seguir um outro rumo,
trilhado em paz, sem um peso e um fio de prumo.

terça-feira, novembro 13, 2007

(Comentário) Daniel

Encontro-te ali, todos os dias, à mesma hora...

Chegas no teu fantástico cavalo de rodas, com o teu enorme colar branco, iluminado pelos teus lindos 8 anos e confias-te, como eu, às mãos de quem nos sabe tratar.

Lembras-me o meu filho Miguel...

Admiro a coragem com que tu encaras todo aquele ambiente de adultos, frio na aparência mas quente na atenção e cuidado.

Falamos muito. Todos os dias te dedico vários minutos de um tempo que nunca tenho. E todos os dias rezo para que Deus te permita recuperar todos os movimentos que um carro em velocidade teimou em tirar-te.

Penso que és um exemplo para muitos. Para mim és. Pela tua bravura - com a qual de alguma forma sabes o que tem de ser. Mostraste-me que os meus problemas são bem relativos quando comparados com os teus.

Eu estou lá. Estive ontem, estou hoje e estarei amanhã. Contigo.

Este texto é para ti querido, e para todos os meninos que estão como tu.

segunda-feira, novembro 12, 2007

(Poema) Alguns Minutos

Alguns minutos...
para mudar a minha vida.

Entra por essa porta
e diz que me adoras,
entra hoje por essa porta
e diz que a esperança não está morta.

Entra pelo meu vagar
e diz que sentes a minha falta,
entra já pelo meu vagar
e diz que não sabes parar de me amar.

Entra pelo meu mundo
e diz que de lá não sais,
entra agora pelo meu mundo
e diz que não me deixarás muribundo.

Entra pela minha alma
e diz desculpa pelo passado,
entra devagar pela minha alma
e diz que me vais honrar com uma vida calma.

Apenas alguns minutos...
para mudar toda a minha vida.

domingo, novembro 11, 2007

(Poema) O Teu Tempo Passou

O teu tempo passou,
a nossa janela já fechou,
fica o que houve para recordar
ou até para deixar queimar.

Nada mudará o entretanto,
nem o sol, nem o teu encanto,
rasga as minhas cartas e postais
porque eu não te vou ter mais.

Esquece os sonhos e as promessas,
porque em minha alma morreram essas,
tu reduziste a pó todo o nosso futuro
e em seu lugar construiste um grande muro.

O teu tempo passou,
o nosso relógio já parou,
deixa cair toda a minha esperança
porque de outro sonho nascerá nova bonança.

Nada mudará a desilusão,
nem o arco íris, nem o teu coração,
abandona os caminhos que ainda temos em comum
porque a coragem de lutar foi só de um.

Esquece os castelos e os cavaleiros,
porque os tempos que me deste foram matreiros,
e a crueldade de toda esta maleita
mostraram de que fibra tu és feita.

O teu tempo, de facto, já passou.

sábado, novembro 10, 2007

(Pensamento) Realidade

Para os loucos sonhadores, a realidade às vezes consegue ser mesmo um grande contratempo.

quarta-feira, novembro 07, 2007

(Pensamento) Aproximações

Quando há amor, todas as divergências se deveriam dissipar na tragédia, porque o mesmo é sempre responsável pelas aproximações.

quarta-feira, outubro 31, 2007

(Comentário) Tu És Tu

Tu és Tu, e pertences a uma elite humana, àquela que apenas carrega amor no coração, apesar de todas as tentações que a maldade transporta.

(Comentário) Vidas

Uma parte de mim morreu contigo e uma parte de ti vive com o que resta de mim.

(Pensamento) Diz Que Disse

O "diz que disse" nunca deixou incólume o delator e o propagador.

Normalmente, as pessoas de bom-senso, equilibradas e bem formadas catalogam-nas de igual forma: como se de abutres se tratassem, sempre com esperança sobre qualquer mal de terceiros, ajudando na maldade sempre que possível e de forma activa.

Mas esquecem-se que até os abutres são devorados pelos da sua própria espécie.

(Pensamento) Fobias

Não conheço outra forma de ultrapassar fobias que não seja enfrentá-las todos os dias e a toda a hora.

Pelo contrário, aceitá-las, só nos limita o que podemos fazer da vida e o que podemos ser na vida.

(Comentário) As Ditas Amigas

Quem quer amigas que criticam à nossa frente as suas próprias melhores amigas e que partilham connosco acontecimentos da vida das mesmas (onde certamente se pretendia descrição) de uma forma tão leviana?

Já diz o ditado que "nas costas dos outros vemos as nossas" e, hoje em dia, mulheres não venenosas são cada vez mais raras... serão problemas hormonais?

terça-feira, outubro 30, 2007

(Pensamento) Maturidade

Provavelmente nunca chegaremos à maturidade total, mas nada nos impede de, dia após dia, continuarmos na rota do seu caminho.

(Pensamento) Negócios

Há negócios que se fazem apenas uma vez na vida. E é precisamente na sua preparação e execução que necessitamos de toda a nossa concentração, cautela, audácia, poder de argumentação, destreza e inteligência. Porque são sempre acontecimentos únicos, capazes de mudar por vezes uma vida.

domingo, outubro 28, 2007

(Comentário) Graças e Desgraças

Em todo o lado há graças e desgraças...

Há graças que caem em desgraça e desgraças que até têm graça.

Há graças venenosas e desgraças honrosas.

Há graças sem nível e desgraças de fim apetecível.

Há graças de ar ridículo e desgraças de fim de capítulo.

Há graças sem pinta e desgraças aos trinta.

Há graças insuportáveis e desgraças superáveis.

Há graças para imbecis e desgraças de aprendiz.

Em todo o lado há graças e desgraças,
e desgraças até melhor que as graças,
sendo que se umas são mesmo más,
as outras acabam por ficar para trás.

sábado, outubro 27, 2007

(Comentário) Acaso

Nada acontece ao acaso. E até mesmo alguns dos acontecimentos ou dos acidentes mais graves que nos acontecem na vida, têm sempre o seu propósito.

No meu caso, foi precisamente um desses graves acidentes que me desviou de uma opção terrível, talvez pior ainda do que as sequelas com que certamente ficarei.

Assim, e apesar de tudo, agradeço a Deus e à minha estrela a 'má sorte' daquele dia.

Nada acontece mesmo ao acaso.

(Pensamento) Conquistas e Derrotas

Se uns conquistam pela educação, bom-senso, equilíbrio, sensatez e simpatia, outros saem derrotados pela avareza, precipitação, desnorte, impulsividade e acidez.

quinta-feira, outubro 25, 2007

(Poema) Segue-me

Segue-me.
E que o medo não te tome.
Eu estarei sempre aqui,
a teu lado, para eles e para ti.

Abraça-me.
E mantém quente o meu coração.
Tu conheces a força da palavra,
a luz do sonho e o poder da acção.

Segue-me.
E que nada te meta medo.
Eu domino a nossa estrada,
sei levar-te em paz, e amada.

Dá-me a tua mão.
E caminha a meu lado.
Não me deixes ao relento,
sem abrigo e abandonado.

Segue-me.
E não tenhas medo de nada.
Tu sabes que sou capaz
do sonho mais lindo e audaz.

Olha para mim.
Bem dentro da minha alma.
Tu sabes quem eu sou,
o que quero e para onde vou.

Segue-me
e abraça-me.
Dá-me a tua mão.
Olha para mim
e toma meu coração.

segunda-feira, outubro 22, 2007

(História) O Nosso Jardim

Passei novamente no nosso jardim. Naquele, onde namoramos uma única vez. Apesar de bem no centro da cidade, e de estar rodeado por centenas de viaturas em movimento, lá no meio, tudo se dissipa, e parece que acabámos de entrar num outro mundo.

Aqueles passeios de terra, aqueles canteiros, aquelas árvores, aquela relva e até os cheiros presentes, fazem-me recuar dezenas de anos e recordar uma época onde tudo acontecia bem mais devagar.

Aqui ou ali, ganho coragem e vou parando lá. Sento-me no mesmo banco onde namorámos, mas desta vez sem a tua companhia, sem a tua mão. E naquele pedaço de tempo recordo todos os nossos sonhos e todas as nossas batalhas, aquelas que nos fizeram chegar tão longe.

Apesar de hoje me fazeres tanta falta, o meu sonho contigo continua intacto. Mais claro e mais lúcido ainda. Talvez porque foi o único verdadeiro sonho que tive em toda a minha vida. Sabes que sou resistente aos maus momentos e que também sou muito persistente. E por isso eles não me largam. Porque os autorizo a viver dentro de mim, todos os dias, por um pouco.

Ali me recordo de ti, do teu rosto, do teu sorriso, do teu cabelo, das tuas mãos, da tua voz, da tua paz, do teu encanto, da tua delicadeza e da tua fragilidade. Ali me recordo da força que retiravas de mim e de como dependias da minha alegria para viver.

Findo esse tempo, volto a colocar tudo muito direitinho, na mesma caixinha, com o amor que sempre te tive. Guardo lá todas as memórias, todas as alegrias, todas as dores e sonhos, todas as lutas, comemorações e todos os momentos de intimidade que vivemos juntos.

Posso depois transformar-me no homem áspero e triste que hoje sou. Carrego comigo todas as amarguras e tristezas de já não te ter, a ti e aos teus. Muda depois o meu semblante, e muda o peso que carrego comigo. Acentuam-se novamente as rugas e os meus olhos perdem o brilho que um dia te conquistou.

E assim vivo até à próxima vez em que, por coragem, capricho ou masoquismo, me atrevo a sentar no mesmo banco, como que a teu lado, com a mesma caixinha pousada nas pernas e me decido a abri-la, deixando que todas aquelas coisas bonitas me invadam novamente a alma. Nem que por momentos apenas...

Lembras-te do nosso jardim? Bem no centro da cidade, onde namoramos uma única vez?

domingo, outubro 21, 2007

(Poema) O Beijo

O beijo,
quente e entrelaçado,
leve ao nosso toque
e todo transpirado.

O beijo,
de dois corpos despidos,
cobertos pela chuva
e por pequenos gemidos.

O beijo,
todo ele de ilusão,
pelo meio do teu corpo
e até ao teu coração.

O beijo,
entre línguas iguais,
que mesmo afastadas
se unem uma vez mais.

sexta-feira, outubro 19, 2007

(Poema) Falta-me o Ar

Falta-me o ar...
para me rir, para respirar,
para viver e para andar.

Falta-me mesmo o ar...
para sair, para acreditar,
para escolher e para passear.

Falta-me tanto o ar...
para me iludir, para procurar,
para poder ver e para sonhar.

Falta-me todo o ar...
para descontrair, para perguntar,
para sobreviver e para te olhar.

Falta-me o maldito ar.

quinta-feira, outubro 18, 2007

(Comentário) Monstros e Fantasmas

Há monstros que vivem lado a lado connosco. Pessoas capazes de agir com uma frieza e crueldade dificilmente imagináveis. Cordeiros numa outra altura, que as nuances da vida puseram a nu.

Há monstros que nos magoam com as palavras e com o silêncio. Pessoas que tudo fazem para que sintas que a tua vida não vale de nada sem elas. E vaticinam que os caminhos que escolhes agora, dão para o precipício... provavelmente apenas porque não estão lá.

Há fantasmas que não nos largam, nem quando dormimos. Porque os sonhos os devolvem vezes sem conta à nossa memória, tal como se estivessem vivos, e nos assustam, horrorizam e amedrontam outra vez.

Há fantasmas que, outrora próximos de nós, nos marcaram para sempre. E teimam em não nos deixar seguir em frente. Porque não nos querem libertar. E a cada passo dado, arrastamos um fardo pesado demais.

Há monstros e fantasmas na vida de cada um. Pesadelos autênticos.

Mas há também dentro de cada um de nós, uma poção libertadora. E hoje, o meu simples desejo é de que todos a saibam descobrir. Cada um à sua maneira. Porque ela existe mesmo.

(Dissertação) Paragens da Vida

Temos por vezes e a espaços o desejo de parar toda a nossa vida...

Paramo-la para repensar o nosso Eu, a nossa vida profissional ou a nossa relação sentimental.

Paramo-la pelo cansaço, pela desilusão, pela confusão, pelo medo ou até por nos sentirmos momentaneamente perdidos.

E se essa paragem pode parecer benéfica, há riscos que convém não esquecer.

Se sempre nos assiste o direito de parar a nossa vida, assiste o direito à vida de não parar por nossa causa (porque ela não pára mesmo) e assiste ainda o direito a outros de não ver a sua vida parada por causa da nossa paragem.

Nestes hiatos causados pela paragem de algo e movimentação do restante, criam-se buracos e vazios de informação entre ambas as partes, responsáveis por um afastamento posterior devido à ausência de partilha.

Criam-se assim desconfianças, medos, interrogatórios difíceis de fazer e por vezes de respostas contrafeitas, criam-se distâncias, dores e dificuldades pelos caminhos seguidos pela parte em movimento, cujo orgulho raramente deixa passar em claro.

As paragens de uns são muitas vezes o cemitério dos restantes, porque para esses fica para sempre a incompreenção pela falta, pelo abandono e pela ausência.

E numa vida que se pretende feita de ajuda, de complementariedade e de comunhão entre as partes, uma paragem unilateral tem quase sempre um efeito letal.

Todos sabemos que a vida é movimento. E o movimento implica direcções, caminhos, avanços e recuos, acontecimentos, conhecimentos e decisões que mudam quase sempre o quadro inicial.

Há decisões amadurecidas, decisões por intuição e decisões impensadas.

Decidir parar é muitas vezes uma decisão corajosa e outras vezes uma decisão inconsciente. Porque antes de parar torna-se necessário perceber muito bem qual o impacto dessa paragem nos terceiros que se movem e qual o impacto do movimento de terceiros em quem vai decidir parar.

Invariavelmente, todos querem parar sem arriscar perder. Mas a perda estará sempre presente, no curto ou no médio prazo, porque a vida seguiu entretanto para ambos e por caminhos diferentes.

Há mesmo riscos que convém não esquecer.

quarta-feira, outubro 17, 2007

(Comentário) Pinto-ta Outra Vez

Eu pinto-ta outra vez...
a vida que um dia te ofereci,
essa mesma que aceitaste
pensando muito antes, menos durante
e mesmo muito pouco depois.

Pinto-ta outra vez,
mas não da forma como o fiz
nem da forma como o consegui,
mas antes como sei que sou capaz.

Pinto-ta outra vez.

terça-feira, outubro 16, 2007

(Pensamento) Disputas

Quando não há riscos, perigos e medos numa disputa, não há glória nem prazer na vitória.

domingo, outubro 14, 2007

(Poema) Aqui

Aqui te espero...
e com esta solidão desespero.

Aqui te procuro...
e bato sempre no mesmo muro.

Aqui te sonho...
e me perco no que me proponho.

Aqui te desejo...
e quase morro pelo que não vejo.

Quando chegas tu?

sábado, outubro 13, 2007

(Comentário) Pessoas Ridículas

Ao longo do tempo tenho conhecido algumas pessoas ridículas. Pessoas que se julgam acima da lei, do julgamento popular, das críticas assertivas e do comum dos mortais.

Pessoas que se julgam perfeitas, no limiar da razão, intocáveis, donas da certeza, da única verdade, do poder da crítica e da força da má língua.

Pessoas que se julgam detentoras de centenas de amigos (apesar de dizerem mal de alguns nas costas sem que nada ninguém lhes pergunte), que se julgam anjos por decisão própria e dignas de orgulho e recomendação.

Mas são pessoas pequeninas, inseguras nas apreciações, precipitadas nas acções, de má índole, ciúmentas de carácter, pobres de espírito, imaturas e instáveis no que pensam sobre terceiros.

Talvez se olhassem para o espelho da alma, perdessem a sua postura petulante. E talvez a vida as vá ensinando pela perda acumulada, que por vezes nem tudo é como pensam.

Há mesmo pessoas ridículas...

quarta-feira, outubro 03, 2007

(Poema) O Teu Nome

Hoje a minha dôr tem um nome...

O nome da chuva a cair,
do sol a nascer,
do vento a soprar
e das folhas a morrer.

O nome da enorme saudade,
da triste solidão,
do buraco da amargura
e da moribunda paixão.

O nome das estrelas no céu,
do brilho do luar,
do cheiro da maresia
e das ondas do mar.

Hoje há um nome que aparece
escrito em todas as esquinas...
e como brilha mesmo sem luz
por entre escombros e ruínas.

E hoje a minha dôr tem o teu nome.

quinta-feira, setembro 27, 2007

(Pensamento) Invejas

Para uma grande parte das pessoas é mais importante que os outros não tenham mais do que elas, do que elas virem a ter tanto como os outros. Não pensam "quero ficar como tu", mas antes "hás-de ficar como eu".

E quando a atitude é esta, quando a força que os move é no sentido de fazer baixar os outros em vez de se elevarem a eles próprios, não há família, bairro, cidade ou país que possa andar para a frente.

segunda-feira, setembro 24, 2007

(Poema) Nascer de Novo

Queria nascer de novo...

Queria apagar as recordações,
esquecer-me do bom e do agreste,
enterrar tudo o que fui,
e ser por uns tempos um corpo celeste.

Queria depois nascer de novo,
mantendo os filhos e amigos,
criar uma nova filosofia,
e apurar novos sentidos.

Queria trilhar outro caminho,
renovar todo o meu coração,
libertar-me dos fantasmas,
e entregar-me de novo à paixão.

Queria ser outra vez feliz,
como a espaços me senti,
perder o medo todo à vida,
e em velho sentir que vivi.

Queria tanto nascer de novo...

sexta-feira, setembro 21, 2007

(Comentário) Por Cem ou Por Mil

Há pessoas que na eminência de perderem algo de realmente importante nas suas vidas, adoptam uma atitude associada ao ditado "perdido por cem, perdido por mil". E com este novo prisma de olhar e sentir os seus caminhos, mudam radicalmente as suas atitudes, os seus valores e as suas formas de actuar.

Podem tornar-se intolerantes, inflexíveis, precipitadas, radicais, interesseiras, gananciosas, ladras, egoístas, vingativas ou desonestas. Na realidade, podem ser exactamente o que lhes apetecer.

E podem ser tudo o que lhes apetecer porque acabaram de perder todas as leis que até então regiam as suas vidas. O ditado "perdido por cem, perdido por mil" significa que, na certeza da perda, podem questionar a sua forma comportamental de até então, porque uma mudança para pior não irá piorar a perda que já tiveram.

Assim, quando por exemplo perdem o amor de uma pessoa, podem também perder-lhe o respeito, a amizade, a lealdade e a palavra porque esta ausência de leis não lhes vai piorar a perda.

Esta anarquia instalada vai então potenciar o que cada um tem de pior. E é esta nova versão de uma pessoa que até então parecia ser conhecida que nos leva a concluir que o verdadeiro carácter de cada um se conhece apenas na privação.

As pessoas bem formadas mantêm a sua postura apesar da perda. Mas as pessoas com falhas de carácter optam pela desintegração das suas leis internas. Passam a viver no por cem ou por mil.

(Comentário) Um Par de Palavras

Nunca pensei que apenas um par de palavras pudesse por vezes ter uma consequência tão abrangente e tão letal.

Um par de palavras posto a circular por terceiros chega invariavelmente ao destinatário já aumentado e totalmente desconfigurado de uma essência normalmente já de si má. E este novo contexto criado pelo circuito cria quase sempre uma rotura entre destinatário e mentor do par de palavras.

Os danos aumentam quando o par de palavras original inclui ainda terceiros para além do destinatário. Aí, a abrangência da rotura é maior, espalhando-se aos terceiros envolvidos.

Na cadeia que constitui o circuito de difusão do par de palavras, outras pessoas se vêm agora em rotura com os extremos da mensagem. Uns porque não ficaram calados e outros porque tomaram conhecimento de factos distorcidos.

Curiosamente, o estrago fatal é feito tanto a jusante como a montante.

Um par de palavras bem escolhido, destrói anos de amizades, ligações de confiança, posturas de respeito, ligações familiares e sentimentos de amor.

Acabamos finalmente por ficar libertos, mas sempre pelas vias erradas.

Um par de palavras mal aplicado deixa, para além de um enorme rasto de destruição, também o sentimento de liberdade que alguns anseiam.

E aí, é caso para dizer bendito par de palavras mal aplicado.

terça-feira, setembro 18, 2007

(Pensamento) Cicatrizes

Há cicatrizes que nos marcam a pele, mas que não deixam memória. Há outras que também a marcam, deixando a lembrança do que a causou. Mas há ainda outras que apesar de deixarem a pele imaculada, marcam para sempre a nossa alma.

E estas últimas são assustadoras...

segunda-feira, setembro 17, 2007

(Pensamento) Amor e Ódio

Se do amor ao ódio pode ser apenas um pequeno passo, do ódio ao amor separa-os um imenso oceano.

domingo, setembro 16, 2007

(Poema) Adeus ao Amor

Como se diz adeus ao amor?

Como afastar o querer que nos invade,
a saudade que não nos larga,
a paixão que nos queima,
a lembrança que nos atormenta
e a recordação que nos consome?

O que fazer com a vontade de querer acreditar,
a ilusão de apenas um sonho mau,
a ansiedade de um telefonema,
a esperança de um sinal
e a memória de outros tempos?

Como lidar com a ausência do cheiro,
a ausência do toque,
o silêncio das palavras,
a brusquidão da falta
e dos aconchegos da alma?

Como se diz adeus ao amor?

(Comentário) Sou o Mesmo

Sou o mesmo que apanhou pinhas contigo. Sou o mesmo antes e depois da fractura. A mesma pessoa, com os mesmos sentimentos. O mesmo homem, com as mesmas vontades, medos e sonhos. Só tinhas de ter ficado a meu lado. Nada mais.

Uma fractura não muda o amor. Mas um abandono pode mudar.

(Pensamento) A Raiva

A raiva é sempre o resultado de uma de três coisas: dôr, medo ou frustração. Por vezes até, de uma mistura das mesmas.

sábado, setembro 15, 2007

(Comentário) Alturas Decisivas

Sempre houve alturas certas para determinadas escolhas. Normalmente, essas alturas são momentos na vida onde vários factores se conjugam e nos deixam vislumbrar ao de leve uma ponta do que poderia ser o futuro na escolha de um novo caminho.

Para quem já tem algo que supõe seguro, estas novas escolhas colidem muitas vezes com o medo do Novo, porque todos os novos caminhos trazem também uma incerteza que o que está teoricamente seguro já não tem.

Mas como já várias vezes escrevi, o futuro sempre sorri aos audazes, aos que percebem que a vida é toda uma peça complexa sempre em movimento e, por isso mesmo, um mar de novas oportunidades. Estes, os audazes, não se conformam com meias vidas. Procuram a toda a hora e a cada momento, novos caminhos e novas experiências, capazes de fazer deles pessoas cada vez mais completas e felizes.

Também eu falhei numa dessas alturas certas, por medo de arriscar num caminho que me vinha fazendo muito feliz, e fruto da falha mudei provavelmente uma boa parte do meu destino. Resta-me agora continuar de olhos bem abertos para poder identificar uma nova oportunidade e, desta vez, não a deixar fugir.

Porque há momentos que são mesmo alturas decisivas.

quinta-feira, setembro 13, 2007

(Comentário) Onde Estás Tu?

Onde estás tu?

Tu, que apesar de tudo tiveste durante tanto tempo a minha admiração e orgulho pela mãe e mulher que achei que eras, pela sinceridade com que acabavas por reconhecer os teus enormes erros, pelos valores que transportavas contigo e fazias questão de apregoar...

Tu, que apesar da tristeza de veres todo um projecto de vida morrer, sempre soubeste reconhecer a justa posse de tudo o que estava em causa, reconhecer a ajuda que sempre foi dada aos meninos, mesmo fora de qualquer acordo instituído...

Em que pedra te transformaste tu? Onde escondeste a mulher que durante tanto tempo conheci? Que fizeste à santa que te ofereci? Porque não te guia já ela? Em que antro de ganância te vês agora envolvida? A mando de quem?

Em que te transformaste tu? E onde vais tu parar?

(Comentário) Sakamoto

Bendito Sakamoto que me deixaste. Uma companhia que me transporta para um mundo que em tempos já conheci. Faz-me como que reviver a esperança de pelo menos ter uma vida normal. Ao piano. Com música tocada pela minha alma em todo o meu dia-a-dia. E, aos meus olhos, tem um pedaço de ti. Só tu sabes o que isso significa neste momento para mim. Só mesmo tu.

(História) Perdidos

Estávamos feitos um para o outro. Tínhamos trilhado vidas diferentes até que o destino nos juntou. Não mais nos largaríamos. Por maiores que fossem as dificuldades e toda a maldade que nos rodeava.

Procuravas abrigo debaixo da tenda protectora que havia construído propositadamente para ti. Colocavas-te bem atrás de mim e aproveitavas o conforto da mesma. Não sentias o frio, a chuva, nem tão pouco o medo de deambular sozinha.

Vias nela também o teu caminho, a luz que nos guiava aos dois por um mundo que queríamos novo. Muitas vezes me perguntei se achavas esta tenda realmente confortável... mas a paz e a alegria que via nos teus olhos respondiam-me sempre da mesma forma. Estavas feliz. Como nunca tinhas estado.

Tínhamos também um manto, um manto construído com todos os nossos sonhos, que usávamos para dar mais brilho à lua, mal a noite se instalava. Era ali que guardávamos os nossos segredos e que nos amávamos vezes sem conta. Todas as noites colocávamos mais qualquer coisa no nosso manto. Ele representava o nosso passado, o nosso presente e tudo o queríamos para o futuro.

Repousávamos sempre na torre do nosso castelo, sob as estrelas do céu. Era ali que riamos, que brincávamos e que nos prometíamos um ao outro, para todo o sempre. Aproveitávamos também todos os momentos para namorar de mãos dadas ao abrigo do luar, protegidos pela boa nova das estrelas.

Apesar de todas as provações, tínhamos uma vida plena, porquanto a mesma misturava a paz, a alegria, o amor, o respeito, o carinho, o orgulho, a admiração, a paixão e a vontade.

Mas um dia tudo mudou. E hoje olhas-me sem tenda. Hoje olhas-me sem manto. Hoje olhas-me sem castelo.

Hoje já não te guias a coberto da tenda, não sonhas no nosso manto e não namoras no nosso castelo.

Hoje sentes-me nu, à deriva num mundo atroz e evitas participar a meu lado deste final triste e perdido.

E acabamos assim mesmo, perdidos, num triste final.

quarta-feira, setembro 12, 2007

(Comentário) Roubos à Luz do Dia

Hoje iniciou-se o roubo que há meses fora anunciado. Sei de ladrões que roubam pela calada por forma a não perderem a postura, mas deparei-me agora com aqueles que roubam de cara destapada, sem vergonha de que lhes apontem o dedo.

Hoje também sei que há várias formas de roubar. E aprendi que a má fé pode trazer compensações medonhas, estando provavelmente acima do que a própria lei pode delimitar.

Hoje comecei a ser roubado. De forma descarada. Por uma família sem valores, sem carácter, sem moral e sem vergonha. Pela segunda vez. Roubado à luz do dia.

segunda-feira, setembro 10, 2007

(Comentário) Inteligências

Alguém que muito prezei enquanto esteve entre nós ensinou-me um dia que, de entre vários tipos de inteligência, três valiam a pena analisar com mais cuidado.

Abordou comigo as Inteligências Teórica, Prática e Social.

Vejamos então as suas definições:

Temos a Inteligência Teórica, que se traduz na capacidade que o ser humano tem de aprender à primeira e sem qualquer dificuldade aquilo que outros lhes ensinam.

Temos a Inteligência Prática, que se traduz na capacidade do ser humano aprender algo de novo por si só, sem depender de terceiros.

E temos ainda a Inteligência Social, que se traduz na capacidade do ser humano em aproveitar o melhor da vida, tal qual ela se lhe apresenta a cada momento.

Pensemos um pouco nestas definições:

A Inteligência Teórica é importante porquanto há muito conhecimento novo que nos pode ser transmitido por terceiros.

No entanto, a Inteligência Prática permite-nos aprender sem depender de terceiros, sendo no limite mais importante que a primeira.

Por último, só a Inteligência Social nos dá a capacidade de viver bem, em perfeita comunhão com as facilidades e dificuldades de cada momento.

E não é preciso muito para percebermos que qualquer pessoa, apesar de mais limitada nas duas primeiras, pode mesmo assim, ser bem mais feliz do que as mais dotadas nas já apresentadas.

E se juntarmos a isto a Grande Finalidade da Vida de cada um, que resultado acabam por obter? É mesmo um caso para pensar e analisar com mais cuidado.

(Pensamento) Transportar para o Futuro

Devemos tentar sempre transportar para o futuro as consequências das acções que pretendemos executar hoje e colocá-las em prática apenas se o resultado que vislumbrarmos fôr o que entendemos como positivo e expectável.

Agir de outra forma é arriscar numa má acção pela não projecção de possíveis danos daí decorrentes.

(História) Neste Banco

Hoje parei no nosso banco... naquele onde toda a cidade adormece e onde cheiros e ruídos se transformam. Nunca cheguei a perceber como é que um banco no meio de tão movimentada cidade pode oferecer tamanha privacidade.

Aqui lembrei os nossos sonhos, e a esperança de nunca nos perdermos. Pareciamos pessoas fortes e determinadas, apesar de tudo conspirar contra nós.

Tinhamos passado já por diversas provas de fogo e, uma a uma, tinhamos conseguido superá-las e seguir em frente.

Acreditava eu que, por cada obstáculo superado, o nosso amor saía mais forte e a certeza de que nos queríamos um para o outro também.

Unia-nos um sonho, um sonho de vida, comum, e uma vontade férrea de acabarmos juntos. Sempre. Fosse em que circunstância fosse.

Hoje parei no nosso banco. E hoje não mais sairia dele.

Sei que é sempre melhor viver do que sonhar, mas na falta momentânea de uma opção de vida, o sonho acaba sempre por nos preencher a alma e abraçar-nos o coração.

Sinto saudade de ter saudades. De acreditar. Até de me magoar. De saber que posso contar contigo, que nunca estou só.

Mas hoje, a vida aparece-me plena de nevoeiro e amputada de esperança. Pelo menos daquela que me levava para o teu colo. Aquele que tão poucas vezes me deste.

E hoje, neste banco, lembro-nos outra vez.

sexta-feira, setembro 07, 2007

(Pensamento) Consequência da Causa

Nenhuma acção deve ser julgada fora do contexto onde se insere, sob risco de ser avaliada de forma injusta e incorrecta.

Ao longo da nossa vida, encontraremos certamente acções tomadas apenas em resposta a outras, não sendo assim consideradas como causa.

São antes acções resultado de outras, e que por isso mesmo nos obrigam a analisar o que as despoletou de forma a construir uma opinião justa e imparcial.

Apesar de muitas acções serem executadas de forma gratuita, ou seja, sem causa, também há aquelas que apenas acontecem em resposta às primeiras.

Temos então acções que são apenas consequência da causa.

terça-feira, setembro 04, 2007

(Pensamento) Inconstância

Até uma inconstância pode ser normal, equilibrada, coerente e consistente. Neste caso, quando a mesma perdura no tempo.

segunda-feira, setembro 03, 2007

(Comentário) Fora de Série

Há pessoas mesmo especiais. Não sei se as suas experiências de vida fazem delas pessoas mais atentas ao necessitar de outros, ou se foi sendo um cuidar trabalhado que as guindaram a este estatuto.

Pessoas que percebem os momentos que atravessamos, que sentem os nossos medos, que nos facilitam a tradução em palavras da nossa amargura e que a olham pelo único prisma que nos pode fazer bem, relativizando sempre o momento e trazendo uma lúcidez sadia à nossa alma.

Pessoas que nos apoiam com as suas palavras sempre optimistas, que nos transmitem paz, força e esperança, que compreendem a nossa dor e que não nos cobram nesta altura um comportamento brilhante.

Pessoas que investem o seu tempo no nosso momento menos bom, através da sua companhia, de um arrancar de casa para um pequeno passeio e de uma presença sempre constante.

São pessoas especiais, que me merecem todo o respeito, carinho e admiração.

E são estas pessoas, fora de série, que me habitam o coração.

domingo, setembro 02, 2007

(Poema) Como Consegues Dormir?

Como consegues dormir?
Esponja que recebe, que aceita,
que não recusa, que não rejeita?

Como consegues dormir?
Monstro da pausa, do adiar,
que não resolve, que não sabe libertar?

Como consegues dormir?
Pedra de gelo, da indecisão,
que não assume, que não dá a mão?

Como consegues dormir?
Poço de egoísmo, da desventura,
que não pinga, que não desamargura?

Como consegues dormir?
Luz da falsa promessa, da serventia,
mas que já não engana e que já nada de si emana?

Como consegues tu dormir?

sábado, setembro 01, 2007

(Pensamento) Viver em Pleno

Devemos viver em pleno o tempo que nos está destinado.

Porque a vida é só mesmo isto: a capacidade de vivermos bem o momento actual. Não há mais nada. Por isso devemos colocar sempre nas várias coisas que fazemos todo o nosso esforço, alegria e empenho. Sempre. A todo o momento.

(Poema) Algures

Algures
haverá um sítio para nós,
para partilhar.

Algures
haverá um tempo para nós,
para sentir.

Algures
haverá uma esperança para nós,
para sonhar.

Algures
haverá uma oportunidade para nós,
para agarrar.

Algures
haverá um novo ciclo para nós,
para viver.

Algures
haverá uma outra vida para nós,
para desfrutar.

E algures, algures,
nós estaremos de mão dada.
Novamente.

quinta-feira, agosto 30, 2007

(Pensamento) Coisas Básicas

Há coisas básicas num relacionamento enquanto existe amor.

Falar sem discutir é uma delas. Falar com humildade, com carinho e com abertura para percebermos os pontos de vista da outra pessoa é fundamental.

Não desistir, dar a mão, amar sem exigir, acreditar, respeitar, aceitar as diferenças, ajudar, ser amigo nas horas boas e companheiro nas horas más, cúmplice nas conquistas e estar de forma incondicional são mais algumas.

Por vezes, tudo se torna difícil e algumas vezes até irreparável porque não houve o mínimo de cuidado na manutenção diária de tudo o que é simples e básico.

E no fundo, se pensarmos bem, estas coisas básicas deveriam fazer sempre parte do sentimento de amor que une duas pessoas.

(Poema) Se Eu Pudesse

Se eu pudesse...
mantinha-te a ponderação,
mas retirava-te uma boa parte do pessimismo.

Se eu pudesse...
preservava a tua classe,
mas dava-te uma maior alegria.

Se eu pudesse...
colocava sobre ti uns pós
que te permitissem sonhar outra vez.

Se eu pudesse...
colava-me no teu encalço
e seria sempre levado pela tua mão.

E se eu pudesse...
vestia-me de Príncipe
e tornava-me no melhor dos teus sonhos.

Se eu pudesse.

quarta-feira, agosto 29, 2007

(Pensamento) Histórias de Amor

As mais lindas histórias de amor nunca transbordam as quatro paredes de uma casa. Apenas as medíocres são postas a nu.

terça-feira, agosto 28, 2007

(Pensamento) Coragem

A coragem nunca está associada à ausência de medo. A isso chama-se inconsciência. A coragem está no acto de executar algo apesar do medo que se sente.

(Pensamento) Percepções

Há pessoas com percepções curiosas: olhando para apenas umas migalhas, conseguem vislumbrar o pão todo.

Não satisfeitas, assumem-nas como correctas e actuam função das novas verdades.

Percepção apurada ou precipitação?

sexta-feira, agosto 24, 2007

(Poema) Velho Trapo

Sou apenas um corpo velho,
acabado, enxovalhado,
gasto como um velho trapo,
sem vida, triste e só,
roto pela dôr de te perder.

(Pensamento) De Mão Dada

Podemos ainda não ter descoberto a solução, mas podemos sempre descobrir o caminho para ela juntos. De mão dada.

(Pensamento) Silêncio

Silêncio: para a alma, a pior prisão de todas.

(Pensamento) Vida Fácil?

Nunca ninguém disse que a vida era fácil.

É antes feita de precipitações, de reacções erradas, de faltas, de injustiças, de momentos maus, de desilusões, de mágoas.

De afastamentos, de medos, de cobardias, de orgulhos, de erros, de egoísmos, de destruições, de solidões, de desencontros, de agonias.

De ausências, de silêncios, de separações, de fraquezas, de fugas, de desistências, de falhas, de lágrimas, de vazios, de dores.

Mas é também feita de momentos corajosos, de escolhas, de riscos, de trilhos diferentes, de fés, de presenças, de apoios.

De lutas, de descobertas, de uniões fortes, de pactos, de alianças, de provas de amor, de esperanças, de humildades, de companhias.

De sonhos, de ilusões, de surpresas, de novidades, de perdões, de desculpas, de reatamentos, de fortalecimentos, de renascimentos.

Em suma, viver é andar sempre de mão dada. É ter a capacidade de enfrentar os problemas mão na mão. É descobrir de forma conjunta novos caminhos e soluções. E foi precisamente isso que um dia me ensinaram.

(Comentário) Pai

Pai...
um ídolo, um exemplo,
uma rocha, um templo.

Pai...
um amigo, uma luz,
um guia, uma cruz.

Pai...
um caminho, uma estrada,
um carinho, uma espada.

Pai...
um luxo, uma visão,
um farol, um coração.

Pai...
uma doença, assim,
uma coragem, um fim.

Farias hoje 64 anos...
mas deixaste saudade.
E um enorme buraco.
Há já 19 anos.
Estarei contigo.
Um dia. Sim, um dia.

(Comentário) Os Felizes

E hoje há cegos que não conseguem ver o que de mais evidente a vida lhes tem para mostrar. Conseguem abstrair-se do óbvio, vivem num mundo de fantasia e raramente dão ouvidos à razão. São felizes.

E hoje há cornudos que vivem com as suas namoradas e mulheres. São enganados de forma constante, através de actos e palavras, humilhados pelas costas por todos os que sabem, mas de nada desconfiam. São felizes.

E hoje há estúpidos que ainda acreditam que o interesse material não existe. São roubados todos os dias, sugados devagar e deliberadamente, com o mesmo sorriso com que foram conquistados. Nunca o perceberam. São felizes.

E hoje há tolos que acham estar rodeados apenas de pessoas sérias. Como se tudo o que pudesse atrair terceiros estivesse apenas dentro deles. Acreditam nos julgamentos morais, nas opiniões destruidoras e no diz-que-disse. São felizes.

E hoje há ignorantes que menosprezam a subtileza da mulher. Consideram-na fiel, leal, imaculada, pura e verdadeira. Comparam-na ao pensamento e actuação linear do homem e entendem-na assim. São felizes.

E hoje há cegos, cornudos, estúpidos, tolos e ignorantes. Todos felizes.

terça-feira, agosto 21, 2007

(Poema) Frio

Frio.
Hoje sinto frio.
Um frio que se entranha,
que penetra, e não sai.

Frio.
Hoje está frio.
Um frio que nos queima,
que adormece, e não vai.

Frio.
Hoje faz frio.
Um frio que nos engana,
que acalma, e não retrai.

Frio.
Hoje faz mesmo muito frio.
Um frio que se sente na pele,
na alma, e que não se subtrai.

(Comentário) Picado

Fui picado vezes sem conta. E porque entupia, aqui ou ali. Rasgaram-me. Por dentro. Tentaram coser-me. Não tinha remédio. Em definitivo. Foi-me retirada a dignidade. Fui humilhado.

Foi-me negado o direito de continuar. Continuo. Errando. Sem arranjo. Não quero saber se alguém se importa. Fui abandonado. Sem explicação. Sem libertação. Mataram-me. Para Sempre.

Fui picado. Vezes sem conta. Mas outros, piores, foram serrados. Sem volta.

segunda-feira, agosto 20, 2007

(Comentário) Partido

Partido... partido. Sinto-me partido. Por dentro e por fora. Num momento apenas. Infeliz. Daqueles que nunca deveriam acontecer. Hoje estou partido. Em tantos pequenos pedaços, que nenhuma forma me ocorre para os juntar.

Perdi o sol, o Norte, o rumo. Mesmo que apenas por momentos. E hoje larguei-os. Tive de os largar. Sem antes sequer lhes ter enchido a alma. E foram. Não sei se vazios, se cheios, se apenas meio-cheios. Mas foram. Tiveram de ir. E foram.

Hoje sinto-me partido. Todo. Corolário de oito meses. Tão maus. Com tanta maldade. Com tanta perda. Abandono. Injustiça. Ingratidão. Egoísmo. Incompreensão. E o momento. Não pára. Como o abutre. Insiste. Sente o medo. O cansaço. E espera. E volta.

Hoje estou partido. Partido. Mas não quero perder a minha luz. A única que insiste em me guiar. Não me ocorre o porquê. Sei-o, mas tenho medo de não lhe entender hoje a sua verdade. E insiste em estar presente, mesmo longe, tão longe, e em contrariar todo este terramoto, em me agarrar à vida. Por mim. Apenas por mim.

(como eu te quero minha luz, como eu te quero...)

Hoje preciso de me ler. De me reler vezes sem conta. E de me reencontrar outra vez.

domingo, agosto 19, 2007

(Pensamento) Egoísmo

Há pessoas que se portam como as esponjas: absorvem muito e pingam pouco.

sábado, agosto 18, 2007

(Comentário) Aconchego

Quero estar bem aconchegado no teu coração. Como tu estás no meu.

sexta-feira, agosto 17, 2007

(Pensamento) Atitude Certa

Se temos tantas vezes de lutar contra as adversidades da vida, porque não fazê-lo da forma que custa menos?

(Comentário) O Um Perfeito

És minha. Minha. Só minha.
Sou teu. Teu. Só teu.
Eu e tu.
Dois, num um perfeito.

quinta-feira, agosto 16, 2007

(Dissertação) Vidas Diferentes

Gostava de começar por tipificar a vida em apenas dois tipos abrangentes. Todos nós temos vidas diferentes, mas, na sua essência, prefiro pensar, para o tema que vamos abordar, que existem apenas dois tipos de vida: uma mais cinzenta, previsível e cansativa pelo seu vazio, e outra, bem mais colorida, cheia de acontecimentos e de desafios que aumentam o nosso conhecimento. Chamemos-lhes a Previsível e a Repleta.

Desde os primeiros anos de vida que o dia-a-dia de uma criança é feito de descobertas e experiências novas. E estas sensações prolongam-se normalmente até à idade da adolescência.

Após a adolescência, altura em que é mais previsível uma vida repleta de emoções, alguns adultos tendem a diminuir a sua capacidade criativa à medida que envelhecem, concentrando os seus esforços apenas na sua actividade profissional e ocupando o resto do tempo numa permanência muitas vezes quase que obrigatória junto da família (o que é diferente de dizer em família).

Transformaram as suas vidas em algo de mais rotineiro, mais certo, mais rectilíneo, mais expectável e por isso mesmo, menos oscilante. Encaixaram-se na tipificação Previsível.

Quanto a mim, muitos foram sendo aniquilados pelo medo do “novo”, porque o “novo” pode colocar em causa tudo o que está dado como certo e adquirido até ao momento. Esqueceram-se que viver por viver nem sempre é viver.

Do “outro lado” da vida, existem adultos que preenchem a sua vida com diversas actividades para além da actividade profissional e da vida familiar. Estão na tipificação Repleta.

Dedicam-se muitas vezes à cultura (pintura, escrita, leitura, música), aos desportos (ténis, futebol, natação), às viagens e aos trabalhos manuais (jardinagem, olearia, bricolage), entre outras actividades possíveis, enfrentando muitas vezes grandes desafios de pesquisa para ultrapassar dificuldades, à medida que o seu conhecimento aumenta.

São por vezes pessoas auto-didactas, que aprendem por si e para si, para seu único prazer. E, nessa busca incessante de auto-conhecimento, estabelecem métodos, objectivos, caminhos e fórmulas alternativas para superar os desafios.

Tornam-se normalmente, pessoas extrovertidas e optimistas, com uma grande dose de auto-confiança e um carisma distinto. São pessoas com vidas preenchidas, plenas.

Temos então os Previsíveis, os que se acomodam à vida que têm, sem sequer perceberem que o comodismo também é uma espécie de sinónimo de desistência.

Quem se acomoda desiste muitas vezes de viver. Passam a estar apenas vivos, o que não significa exactamente viver.

Quantas pessoas não se acomodam a ideias feitas e a chavões para justificarem perante eles próprios a sua desistência de algo?

Porque para muitos é sempre mais fácil desistir do que ter de lutar por algo, ainda para mais quando o resultado de uma luta e de um enorme esforço, pode ser exactamente igual ao da desistência – a perda.

Quem pretende garantir já hoje que algo possa resultar no futuro, não percebeu ainda a essência de viver: o Aqui e Agora.

É imprescindível perceber a impossibilidade de garantir um futuro sem actuar no Aqui e Agora, pela simples razão de que o futuro não pode ser nunca garantido – mas ele pode ser trabalhado a todo o momento, no Aqui e Agora – e isso dá trabalho, muito trabalho, não oferecendo garantias para além da consciência de se estar a tentar.

É também essencial encarar o “novo” como um desafio e não como uma ameaça a um aparente bem-estar. O homem pode ser considerado maduro quando reconhece que é o único responsável pelo que lhe acontece. E o que lhe acontece deveria estar sempre relacionado de alguma forma com o “novo”.

Os homens Previsíveis tendem a justificar o fracasso com factores externos, com coisas que não podem controlar. Mas, na maioria dos casos, os insucessos são fruto das suas próprias desistências.

Alguém se revê nas frases “deixei de acreditar que esta relação possa dar certo”, “deixei de acreditar que este emprego me dê futuro” ou “deixei de acreditar na vida que levo”?

Na grande maioria dos casos, o fracasso acontece porque focamos as nossas expectativas apenas no que a outra parte pode fazer, esquecendo-nos da contribuição que nós próprios poderíamos e deveríamos ter dado.

É uma postura egoísta, que conduz invariavelmente ao fracasso mas que, curiosamente, não costuma causar grandes danos em quem perde. E porquê?

Porque se arranjam as defesas necessárias para culpar factores externos, como os outros, as circunstâncias ou a falta de meios.

Em contrapartida, são pessoas Repletas, com uma vida mais colorida e mais cheia de acontecimentos, as que atingem o sucesso.

E a grande diferença normalmente reside em dois factores: na atitude e na capacidade de perceber que somos nós próprios os únicos responsáveis pelo que nos acontece, a que chamo maturidade.

A atitude certa leva-nos sempre a ser mais persistentes e mais perseverantes, leva-nos a acreditar mais e a não desistir enquanto sentirmos que algo ainda depende de nós.

A maturidade dá-nos a capacidade de perceber que somos nós próprios os únicos responsáveis pelo que nos acontece.

Sem desculpas externas às quais recorrer, sem desculpas que nos possam iludir sobre a responsabilidade do fracasso, a nossa forma de agir fica mais orientada para o sucesso, muitas vezes porque é apenas o único caminho que nos resta.

quarta-feira, agosto 15, 2007

(Poema) Será Que Um Dia?

Será que um dia
te arrebato a voz e o olhar?

Será que um dia
te arrebato a alegria e o cantar?

Será que um dia
te arrebato o sol e o luar?

Será que um dia
te arrebato o amor e o pulsar?

Será que um dia
te arrebato a beleza e o brilhar?

E será que um dia te arrebato mesmo
o coração, o corpo, a pele e a alma
e te levo comigo ao altar?

terça-feira, agosto 14, 2007

(Pensamento) Nascer de Novo

Às vezes resta-nos apenas nascer de novo. É que nem sempre a bonança se sucede à tormenta.

(Comentário) Um Pouco de Tudo

Rezo para que consigas ser sempre um pouco de tudo para mim:

de santa a prostituta,
de corajosa a medricas,
de sabichona a inocente,
de forte a fraca,
de queque a freak,
de suave a quente,
de conservadora a arrojada,
de fina a rameira,
de comedida a contestatária,
de educada a reles,
de confiante a ciumenta,
de mulher a amante.

Um pouco de tudo, só para mim.

segunda-feira, agosto 13, 2007

(Comentário) Até Final

Vais estar sempre comigo. Guardada. Junto do meu coração. Até final dos meus dias.

domingo, agosto 12, 2007

(Pensamento) Descobrir as Palavras

Encontrem textos especiais. Procurem. E leiam-nos muitas vezes. Procurem neles a essência das palavras. Não fiquem apenas com a ideia do que transmitem. Aprendam a descobrir as palavras porque, em parte, são elas que nos dão vida.

(Comentário) Luz Cometa

Tu sabes que és uma pessoa má, desonesta e com mau carácter aos meus olhos. Mas ontem, e apenas por um momento, foste a luz cometa que me acalmou. E só por esse momento mágico eu te agradeço do fundo do coração.

sexta-feira, agosto 10, 2007

(História) Duas Verdades, Ambas Erradas

Numa relação a dois, a forma como ambos se entregam desde o início, é muitas vezes determinante para o seu desfecho.

Vamos analisar uma pequena história onde ambas as conclusões, retiradas por cada um dos intervenientes no fim da relação, são verdade para cada um deles, mas ambas são erradas num contexto global de sentimento envolvido.

A história reza assim:

Uma menina e um menino gostavam muito um do outro. Pareciam até feitos de propósito para aquela relação. Ambos se amavam muito e ambos estavam certos de que tinham encontrado a sua alma gémea.

Mas a menina, porque no passado já tinha amado e por isso mesmo também já tinha sofrido muito, optou desta vez por uma atitude mais segura e comedida (achava ela).

A menina, com medo de dar tudo o que era, com medo de abrir totalmente o seu coração e se magoar depois, optou por dar a conhecer apenas uma parte de si, ser apenas pela metade, defendendo-se assim de um possível fracasso.

Não se envolveu na totalidade, não deu todo o amor que tinha dentro de si, controlou com a razão de quem sabe o que é sofrer, a emoção de tudo o que tinha para dar.

Sabia que assim, se a relação não vingasse, não sofreria também tanto como no passado porque o seu envolvimento estava agora mais controlado, mais racionalizado.

O menino, que desde o primeiro momento abriu o seu coração a este amor, sem medos, sem barreiras e sem fantasmas, cedo começou a perceber que afinal a menina não se entregava da mesma forma que ele, estava muitas vezes não estando e com isso não conseguiam criar uma ligação forte de união, de cumplicidade.

O menino não procurava uma relação qualquer. Procurava antes uma relação especial e única. Abandonou assim a menina, por concluir que se enganara nas características da menina que havia escolhido.

Conclusão:

A menina era de facto especial, única. O menino também. Estavam feitos um para o outro, na perfeição.

A menina, para se defender, deu apenas parte de si. A relação ao não resultar, só lhe deu razão: não sofreu tanto e como tal, tinha-se protegido. Tomou a sua decisão como certa, como a sua verdade e a partir deste momento passou a guiar-se por este tipo de postura, mais racional.

O menino concluiu que a menina afinal não era aquilo que parecia ser. Era uma pessoa mais calculista, mais racional do que ele e com dificuldades em criar uma comunhão, uma cumplicidade.

Era um amor morno, que o menino recusou. Concluiu que aquela menina não era quem procurava, porque não tinha a capacidade de dar. E esta ficou a ser a sua verdade, também correcta, face aos factos de que dispunha.

O menino e a menina nunca mais namoraram e suas vidas separaram-se em definitivo.

A menina deu metade, para se defender. Não sofreu. O menino conheceu metade da menina como se fosse parte inteira. Não a quis. Tanto um como outro decidiram função das suas verdades.

Foram duas verdades, ambas erradas, que os afastaram de vez.

sexta-feira, agosto 03, 2007

(Pensamento) Semear

A vida tem tudo para ser bonita, alegre, intensa, cúmplice e plena.

Cabe a cada um de nós saber o que quer semear em conjunto com o seu par. Mal ou bem, as decisões cabem apenas a cada um de nós. E serão elas que ao longo do tempo farão da relação algo de especial ou de banal.

quinta-feira, agosto 02, 2007

(Pensamento) Fácil e Difícil

Por vezes é fácil começar mal. Mas depois é difícil torná-lo bonito.

(Comentário) Apneia

Já não respiro na tua ausência.
Não morri antes
porque me ensinaste a fazer apneia.
Mas não durmo...
Voa para mim, vem no vento.

(Poema) Para Mim

Perdoa-me a hora...
mas não mais ficarás atrás de ninguém.

Para mim,
vales todos os riscos.
Para mim,
vales todo o tempo de espera.
Para mim,
vales todas as insónias.
Para mim,
és a mais perfeita das mulheres.

Os meus olhos também são só teus...
como tudo o resto.
Amo-te.

E não interpretes de forma leve
todas as palavras que te dou.
Elas saem do fundo de mim.

quarta-feira, agosto 01, 2007

(Comentário) Esquecimento

Sinto algo de muito forte por ti.
Mas não me lembro do nome...

(Pensamento) Cuidar

Cuidem bem de tudo o que conseguirem construir. Com humildade, com tenacidade, com paciência e com dedicação. Todos os dias. Lembrem-se sempre que em apenas um momento se consegue destruir o que levou uma vida a erguer.

(Pensamento) Aposta

Quando tiverem de apostar em alguém, apostem forte. Muito forte. Aqui a sorte não gosta de meias medidas.

sábado, julho 28, 2007

(Poema) Caminho

Vamos juntos descobrir o caminho
para uma vida realmente mágica
e mesmo que o medo tome conta de ti
não temas, porque estarei sempre aqui.

Vamos juntos descobrir o caminho
cuidando bem de cada sentimento
e se eu te falar da minha solidão
abraça-me com força, junto do teu coração.

Vamos juntos descobrir o caminho
com esforço, humildade e paciência
e se descobrires tudo aquilo com que sonhei
escolhe apenas um, e faz dele a nossa lei.

Vamos juntos descobrir o caminho
com respeito pelas nossas diferenças
e quando aos teus olhos estiver velhinho
cuida de mim, com muito carinho.

Vamos juntos descobrir o caminho
para aquele lugar especial
e se um dia a minha mão te faltar
não me julgues, ensina-me a amar.

E ainda que teus planos sempre me incluam
e que estejas comigo até final dos dias,
vamos levantar os olhos devagarinho
porque vamos descobrir juntos o caminho.

segunda-feira, julho 23, 2007

(Poema) Quem És?

Quem és?
que me tira o sono, a tristeza,
o frio, a dôr e a fraqueza?

Quem és?
que me tira o medo, a desilusão,
a desconfiança, a lágrima e a agitação?

Quem és?
que me tira o choro, o acomodar,
a chuva, a inércia e o agonizar?

Quem és?
que me tira a pedra, a escuridão,
o preto, a nuvem e a destruição?

Quem és tu?
Princesa de luz,
dona do belo, do perfeito e do castelo?

Quem és tu?
fada do sonho,
dona do ideal, do tempo e do cardeal?

E quem és tu?
sereia do mar,
dona da pureza, da candura e da realeza?

E porque um dia
nossas mãos se tocaram,
nada mais será ilusão.
Hoje somos duas almas,
amanhã apenas um coração.

domingo, julho 22, 2007

(Pensamento) Anjos

Há anjos que nos guiam
e há anjos que nos ajudam...

mas há anjos, aqueles anjos,
que toda a nossa vida mudam.

Premonição?