quinta-feira, setembro 27, 2007

(Pensamento) Invejas

Para uma grande parte das pessoas é mais importante que os outros não tenham mais do que elas, do que elas virem a ter tanto como os outros. Não pensam "quero ficar como tu", mas antes "hás-de ficar como eu".

E quando a atitude é esta, quando a força que os move é no sentido de fazer baixar os outros em vez de se elevarem a eles próprios, não há família, bairro, cidade ou país que possa andar para a frente.

segunda-feira, setembro 24, 2007

(Poema) Nascer de Novo

Queria nascer de novo...

Queria apagar as recordações,
esquecer-me do bom e do agreste,
enterrar tudo o que fui,
e ser por uns tempos um corpo celeste.

Queria depois nascer de novo,
mantendo os filhos e amigos,
criar uma nova filosofia,
e apurar novos sentidos.

Queria trilhar outro caminho,
renovar todo o meu coração,
libertar-me dos fantasmas,
e entregar-me de novo à paixão.

Queria ser outra vez feliz,
como a espaços me senti,
perder o medo todo à vida,
e em velho sentir que vivi.

Queria tanto nascer de novo...

sexta-feira, setembro 21, 2007

(Comentário) Por Cem ou Por Mil

Há pessoas que na eminência de perderem algo de realmente importante nas suas vidas, adoptam uma atitude associada ao ditado "perdido por cem, perdido por mil". E com este novo prisma de olhar e sentir os seus caminhos, mudam radicalmente as suas atitudes, os seus valores e as suas formas de actuar.

Podem tornar-se intolerantes, inflexíveis, precipitadas, radicais, interesseiras, gananciosas, ladras, egoístas, vingativas ou desonestas. Na realidade, podem ser exactamente o que lhes apetecer.

E podem ser tudo o que lhes apetecer porque acabaram de perder todas as leis que até então regiam as suas vidas. O ditado "perdido por cem, perdido por mil" significa que, na certeza da perda, podem questionar a sua forma comportamental de até então, porque uma mudança para pior não irá piorar a perda que já tiveram.

Assim, quando por exemplo perdem o amor de uma pessoa, podem também perder-lhe o respeito, a amizade, a lealdade e a palavra porque esta ausência de leis não lhes vai piorar a perda.

Esta anarquia instalada vai então potenciar o que cada um tem de pior. E é esta nova versão de uma pessoa que até então parecia ser conhecida que nos leva a concluir que o verdadeiro carácter de cada um se conhece apenas na privação.

As pessoas bem formadas mantêm a sua postura apesar da perda. Mas as pessoas com falhas de carácter optam pela desintegração das suas leis internas. Passam a viver no por cem ou por mil.

(Comentário) Um Par de Palavras

Nunca pensei que apenas um par de palavras pudesse por vezes ter uma consequência tão abrangente e tão letal.

Um par de palavras posto a circular por terceiros chega invariavelmente ao destinatário já aumentado e totalmente desconfigurado de uma essência normalmente já de si má. E este novo contexto criado pelo circuito cria quase sempre uma rotura entre destinatário e mentor do par de palavras.

Os danos aumentam quando o par de palavras original inclui ainda terceiros para além do destinatário. Aí, a abrangência da rotura é maior, espalhando-se aos terceiros envolvidos.

Na cadeia que constitui o circuito de difusão do par de palavras, outras pessoas se vêm agora em rotura com os extremos da mensagem. Uns porque não ficaram calados e outros porque tomaram conhecimento de factos distorcidos.

Curiosamente, o estrago fatal é feito tanto a jusante como a montante.

Um par de palavras bem escolhido, destrói anos de amizades, ligações de confiança, posturas de respeito, ligações familiares e sentimentos de amor.

Acabamos finalmente por ficar libertos, mas sempre pelas vias erradas.

Um par de palavras mal aplicado deixa, para além de um enorme rasto de destruição, também o sentimento de liberdade que alguns anseiam.

E aí, é caso para dizer bendito par de palavras mal aplicado.

terça-feira, setembro 18, 2007

(Pensamento) Cicatrizes

Há cicatrizes que nos marcam a pele, mas que não deixam memória. Há outras que também a marcam, deixando a lembrança do que a causou. Mas há ainda outras que apesar de deixarem a pele imaculada, marcam para sempre a nossa alma.

E estas últimas são assustadoras...

segunda-feira, setembro 17, 2007

(Pensamento) Amor e Ódio

Se do amor ao ódio pode ser apenas um pequeno passo, do ódio ao amor separa-os um imenso oceano.

domingo, setembro 16, 2007

(Poema) Adeus ao Amor

Como se diz adeus ao amor?

Como afastar o querer que nos invade,
a saudade que não nos larga,
a paixão que nos queima,
a lembrança que nos atormenta
e a recordação que nos consome?

O que fazer com a vontade de querer acreditar,
a ilusão de apenas um sonho mau,
a ansiedade de um telefonema,
a esperança de um sinal
e a memória de outros tempos?

Como lidar com a ausência do cheiro,
a ausência do toque,
o silêncio das palavras,
a brusquidão da falta
e dos aconchegos da alma?

Como se diz adeus ao amor?

(Comentário) Sou o Mesmo

Sou o mesmo que apanhou pinhas contigo. Sou o mesmo antes e depois da fractura. A mesma pessoa, com os mesmos sentimentos. O mesmo homem, com as mesmas vontades, medos e sonhos. Só tinhas de ter ficado a meu lado. Nada mais.

Uma fractura não muda o amor. Mas um abandono pode mudar.

(Pensamento) A Raiva

A raiva é sempre o resultado de uma de três coisas: dôr, medo ou frustração. Por vezes até, de uma mistura das mesmas.

sábado, setembro 15, 2007

(Comentário) Alturas Decisivas

Sempre houve alturas certas para determinadas escolhas. Normalmente, essas alturas são momentos na vida onde vários factores se conjugam e nos deixam vislumbrar ao de leve uma ponta do que poderia ser o futuro na escolha de um novo caminho.

Para quem já tem algo que supõe seguro, estas novas escolhas colidem muitas vezes com o medo do Novo, porque todos os novos caminhos trazem também uma incerteza que o que está teoricamente seguro já não tem.

Mas como já várias vezes escrevi, o futuro sempre sorri aos audazes, aos que percebem que a vida é toda uma peça complexa sempre em movimento e, por isso mesmo, um mar de novas oportunidades. Estes, os audazes, não se conformam com meias vidas. Procuram a toda a hora e a cada momento, novos caminhos e novas experiências, capazes de fazer deles pessoas cada vez mais completas e felizes.

Também eu falhei numa dessas alturas certas, por medo de arriscar num caminho que me vinha fazendo muito feliz, e fruto da falha mudei provavelmente uma boa parte do meu destino. Resta-me agora continuar de olhos bem abertos para poder identificar uma nova oportunidade e, desta vez, não a deixar fugir.

Porque há momentos que são mesmo alturas decisivas.

quinta-feira, setembro 13, 2007

(Comentário) Onde Estás Tu?

Onde estás tu?

Tu, que apesar de tudo tiveste durante tanto tempo a minha admiração e orgulho pela mãe e mulher que achei que eras, pela sinceridade com que acabavas por reconhecer os teus enormes erros, pelos valores que transportavas contigo e fazias questão de apregoar...

Tu, que apesar da tristeza de veres todo um projecto de vida morrer, sempre soubeste reconhecer a justa posse de tudo o que estava em causa, reconhecer a ajuda que sempre foi dada aos meninos, mesmo fora de qualquer acordo instituído...

Em que pedra te transformaste tu? Onde escondeste a mulher que durante tanto tempo conheci? Que fizeste à santa que te ofereci? Porque não te guia já ela? Em que antro de ganância te vês agora envolvida? A mando de quem?

Em que te transformaste tu? E onde vais tu parar?

(Comentário) Sakamoto

Bendito Sakamoto que me deixaste. Uma companhia que me transporta para um mundo que em tempos já conheci. Faz-me como que reviver a esperança de pelo menos ter uma vida normal. Ao piano. Com música tocada pela minha alma em todo o meu dia-a-dia. E, aos meus olhos, tem um pedaço de ti. Só tu sabes o que isso significa neste momento para mim. Só mesmo tu.

(História) Perdidos

Estávamos feitos um para o outro. Tínhamos trilhado vidas diferentes até que o destino nos juntou. Não mais nos largaríamos. Por maiores que fossem as dificuldades e toda a maldade que nos rodeava.

Procuravas abrigo debaixo da tenda protectora que havia construído propositadamente para ti. Colocavas-te bem atrás de mim e aproveitavas o conforto da mesma. Não sentias o frio, a chuva, nem tão pouco o medo de deambular sozinha.

Vias nela também o teu caminho, a luz que nos guiava aos dois por um mundo que queríamos novo. Muitas vezes me perguntei se achavas esta tenda realmente confortável... mas a paz e a alegria que via nos teus olhos respondiam-me sempre da mesma forma. Estavas feliz. Como nunca tinhas estado.

Tínhamos também um manto, um manto construído com todos os nossos sonhos, que usávamos para dar mais brilho à lua, mal a noite se instalava. Era ali que guardávamos os nossos segredos e que nos amávamos vezes sem conta. Todas as noites colocávamos mais qualquer coisa no nosso manto. Ele representava o nosso passado, o nosso presente e tudo o queríamos para o futuro.

Repousávamos sempre na torre do nosso castelo, sob as estrelas do céu. Era ali que riamos, que brincávamos e que nos prometíamos um ao outro, para todo o sempre. Aproveitávamos também todos os momentos para namorar de mãos dadas ao abrigo do luar, protegidos pela boa nova das estrelas.

Apesar de todas as provações, tínhamos uma vida plena, porquanto a mesma misturava a paz, a alegria, o amor, o respeito, o carinho, o orgulho, a admiração, a paixão e a vontade.

Mas um dia tudo mudou. E hoje olhas-me sem tenda. Hoje olhas-me sem manto. Hoje olhas-me sem castelo.

Hoje já não te guias a coberto da tenda, não sonhas no nosso manto e não namoras no nosso castelo.

Hoje sentes-me nu, à deriva num mundo atroz e evitas participar a meu lado deste final triste e perdido.

E acabamos assim mesmo, perdidos, num triste final.

quarta-feira, setembro 12, 2007

(Comentário) Roubos à Luz do Dia

Hoje iniciou-se o roubo que há meses fora anunciado. Sei de ladrões que roubam pela calada por forma a não perderem a postura, mas deparei-me agora com aqueles que roubam de cara destapada, sem vergonha de que lhes apontem o dedo.

Hoje também sei que há várias formas de roubar. E aprendi que a má fé pode trazer compensações medonhas, estando provavelmente acima do que a própria lei pode delimitar.

Hoje comecei a ser roubado. De forma descarada. Por uma família sem valores, sem carácter, sem moral e sem vergonha. Pela segunda vez. Roubado à luz do dia.

segunda-feira, setembro 10, 2007

(Comentário) Inteligências

Alguém que muito prezei enquanto esteve entre nós ensinou-me um dia que, de entre vários tipos de inteligência, três valiam a pena analisar com mais cuidado.

Abordou comigo as Inteligências Teórica, Prática e Social.

Vejamos então as suas definições:

Temos a Inteligência Teórica, que se traduz na capacidade que o ser humano tem de aprender à primeira e sem qualquer dificuldade aquilo que outros lhes ensinam.

Temos a Inteligência Prática, que se traduz na capacidade do ser humano aprender algo de novo por si só, sem depender de terceiros.

E temos ainda a Inteligência Social, que se traduz na capacidade do ser humano em aproveitar o melhor da vida, tal qual ela se lhe apresenta a cada momento.

Pensemos um pouco nestas definições:

A Inteligência Teórica é importante porquanto há muito conhecimento novo que nos pode ser transmitido por terceiros.

No entanto, a Inteligência Prática permite-nos aprender sem depender de terceiros, sendo no limite mais importante que a primeira.

Por último, só a Inteligência Social nos dá a capacidade de viver bem, em perfeita comunhão com as facilidades e dificuldades de cada momento.

E não é preciso muito para percebermos que qualquer pessoa, apesar de mais limitada nas duas primeiras, pode mesmo assim, ser bem mais feliz do que as mais dotadas nas já apresentadas.

E se juntarmos a isto a Grande Finalidade da Vida de cada um, que resultado acabam por obter? É mesmo um caso para pensar e analisar com mais cuidado.

(Pensamento) Transportar para o Futuro

Devemos tentar sempre transportar para o futuro as consequências das acções que pretendemos executar hoje e colocá-las em prática apenas se o resultado que vislumbrarmos fôr o que entendemos como positivo e expectável.

Agir de outra forma é arriscar numa má acção pela não projecção de possíveis danos daí decorrentes.

(História) Neste Banco

Hoje parei no nosso banco... naquele onde toda a cidade adormece e onde cheiros e ruídos se transformam. Nunca cheguei a perceber como é que um banco no meio de tão movimentada cidade pode oferecer tamanha privacidade.

Aqui lembrei os nossos sonhos, e a esperança de nunca nos perdermos. Pareciamos pessoas fortes e determinadas, apesar de tudo conspirar contra nós.

Tinhamos passado já por diversas provas de fogo e, uma a uma, tinhamos conseguido superá-las e seguir em frente.

Acreditava eu que, por cada obstáculo superado, o nosso amor saía mais forte e a certeza de que nos queríamos um para o outro também.

Unia-nos um sonho, um sonho de vida, comum, e uma vontade férrea de acabarmos juntos. Sempre. Fosse em que circunstância fosse.

Hoje parei no nosso banco. E hoje não mais sairia dele.

Sei que é sempre melhor viver do que sonhar, mas na falta momentânea de uma opção de vida, o sonho acaba sempre por nos preencher a alma e abraçar-nos o coração.

Sinto saudade de ter saudades. De acreditar. Até de me magoar. De saber que posso contar contigo, que nunca estou só.

Mas hoje, a vida aparece-me plena de nevoeiro e amputada de esperança. Pelo menos daquela que me levava para o teu colo. Aquele que tão poucas vezes me deste.

E hoje, neste banco, lembro-nos outra vez.

sexta-feira, setembro 07, 2007

(Pensamento) Consequência da Causa

Nenhuma acção deve ser julgada fora do contexto onde se insere, sob risco de ser avaliada de forma injusta e incorrecta.

Ao longo da nossa vida, encontraremos certamente acções tomadas apenas em resposta a outras, não sendo assim consideradas como causa.

São antes acções resultado de outras, e que por isso mesmo nos obrigam a analisar o que as despoletou de forma a construir uma opinião justa e imparcial.

Apesar de muitas acções serem executadas de forma gratuita, ou seja, sem causa, também há aquelas que apenas acontecem em resposta às primeiras.

Temos então acções que são apenas consequência da causa.

terça-feira, setembro 04, 2007

(Pensamento) Inconstância

Até uma inconstância pode ser normal, equilibrada, coerente e consistente. Neste caso, quando a mesma perdura no tempo.

segunda-feira, setembro 03, 2007

(Comentário) Fora de Série

Há pessoas mesmo especiais. Não sei se as suas experiências de vida fazem delas pessoas mais atentas ao necessitar de outros, ou se foi sendo um cuidar trabalhado que as guindaram a este estatuto.

Pessoas que percebem os momentos que atravessamos, que sentem os nossos medos, que nos facilitam a tradução em palavras da nossa amargura e que a olham pelo único prisma que nos pode fazer bem, relativizando sempre o momento e trazendo uma lúcidez sadia à nossa alma.

Pessoas que nos apoiam com as suas palavras sempre optimistas, que nos transmitem paz, força e esperança, que compreendem a nossa dor e que não nos cobram nesta altura um comportamento brilhante.

Pessoas que investem o seu tempo no nosso momento menos bom, através da sua companhia, de um arrancar de casa para um pequeno passeio e de uma presença sempre constante.

São pessoas especiais, que me merecem todo o respeito, carinho e admiração.

E são estas pessoas, fora de série, que me habitam o coração.

domingo, setembro 02, 2007

(Poema) Como Consegues Dormir?

Como consegues dormir?
Esponja que recebe, que aceita,
que não recusa, que não rejeita?

Como consegues dormir?
Monstro da pausa, do adiar,
que não resolve, que não sabe libertar?

Como consegues dormir?
Pedra de gelo, da indecisão,
que não assume, que não dá a mão?

Como consegues dormir?
Poço de egoísmo, da desventura,
que não pinga, que não desamargura?

Como consegues dormir?
Luz da falsa promessa, da serventia,
mas que já não engana e que já nada de si emana?

Como consegues tu dormir?

sábado, setembro 01, 2007

(Pensamento) Viver em Pleno

Devemos viver em pleno o tempo que nos está destinado.

Porque a vida é só mesmo isto: a capacidade de vivermos bem o momento actual. Não há mais nada. Por isso devemos colocar sempre nas várias coisas que fazemos todo o nosso esforço, alegria e empenho. Sempre. A todo o momento.

(Poema) Algures

Algures
haverá um sítio para nós,
para partilhar.

Algures
haverá um tempo para nós,
para sentir.

Algures
haverá uma esperança para nós,
para sonhar.

Algures
haverá uma oportunidade para nós,
para agarrar.

Algures
haverá um novo ciclo para nós,
para viver.

Algures
haverá uma outra vida para nós,
para desfrutar.

E algures, algures,
nós estaremos de mão dada.
Novamente.