terça-feira, dezembro 11, 2007

(Dissertação) Linhas do Nosso Ser - Parte I

São diversas as linhas que enquadram o nosso ser no mundo do indivíduo, numa tipificação que se pretende global e abrangente.

Poderão existir variadas linhas com enúmeras métricas associadas mas, quanto a mim, o nosso ser enquadra-se em quatro grandes linhas de vida. E é sobre elas que constrói, dia após dia, a imagem pela qual será conhecido.

Começo assim por tentar tipificar o nosso ser nessas quatro grandes linhas: na linha ideológica, na linha emocional, na linha estética e na linha comportamental.

Sobre a linha ideológica recaem os nossos pensamentos e acções sobre o quotidiano, sobre as várias vertentes da sociedade e por vezes sobre os destinos profissionais que escolhemos trilhar, sempre que associados a uma ideologia.

A linha emocional diz respeito à forma como encaramos as relações, profissionais e pessoais, à forma como lidamos com os acontecimentos da nossa vida e à forma como lidamos com as amizades e com os amores.

Por outro lado, a linha estética guia as nossas escolhas em termos de beleza e de harmonia visual, a forma como nos tratamos e como nos vemos, a nós e aos outros.

Por fim, a linha comportamental assenta, quanto a mim, sobre as outras três linhas e é precisamente esta linha que nos desenha a verdadeira imagem que têm sobre nós. Encaro-a como a grande parte visível do nosso ser, a parte responsável pela comunicação com o exterior.

Sendo ela a parte de nós que comunica com o exterior, é também responsável por reunir os dados das partes ideológica, emocional e estética, e traduzi-los em linguagem comunicante para fora de nós. Assim, é ela que alimenta a forma como os outros nos encaram enquanto pessoa.

Tenho para mim que a linha comportamental de cada um deve ser estudada pelo próprio de antemão. Deve ser bem pensado o caminho que pretendemos para a mesma e deve ser construída uma corda de sustentação que nos guie no dia a dia. Acredito ainda que devemos esticar ao máximo a corta da nossa linha comportamental por forma a não ceder a tentações e não desviar daí o nosso rumo.

Devemos também lembrar-nos sempre que o passado faz parte de nós e que a sua linha comportamental indica claramente as nossas fraquezas e virtudes, precisamente porque é a parte de nós que tem contacto com o exterior.

Analisemos, nesta Parte I da Dissertação Linhas do Nosso Ser, o aspecto amoroso da nossa linha comportamental (criada com os dados da linha emocional) e tentemos perceber o que pode ela indiciar sobre nós.

Várias relações fugazes ao longo da nossa vida normalmente denunciam um conjunto de problemas, desde uma falta de auto-estima, uma precipitação por carência, a não noção do que realmente se quer, uma dificuldade em compreender quem é o parceiro e a impossibilidade de perceber as suas reais intenções (porque o pouco tempo nunca o permite), uma fraqueza sentimental e sentimentos pouco profundos (porque se gosta de muitos por pouca coisa).

Neste caso (no das pessoas com muitas relações) não falo de ausência de sentimentos, mas sim e necessariamente na fraqueza e debilidade dos mesmos, pois é improvável poder amar dezenas de pessoas numa única vida (eu não acredito).

Por outro lado, uma linha comportamental estável, segura e coerente indica quase sempre uma grande clarividência naquilo que se quer para nós, uma posse de um sentimento forte e estável que não cede à solidão e à carência, índices de auto estima vincados, valores claros e uma determinação muito forte.

Sendo certo que o difícil é encontrar a companhia certa para toda a vida (porque encontrar uma companhia qualquer é sempre mais fácil), é então normal que procuremos por uma linha comportamental digna e que denote estabilidade no parceiro. Do mesmo modo, também o parceiro procurará certamente algo de idêntico, pelo que temos de cuidar bem da nossa, sendo que ela será determinante para o futuro.

Neste contexto, e da mesma forma que pretendemos encontrar alguém especial, também esse alguém procurará uma outra pessoa especial em nós.

Ter uma corda esticada ao máximo na nossa linha comportamental, significa cuidar da nossa imagem ao não ceder a comportamentos precipitados. Significa também escolher o momento certo para apostarmos numa vida a dois. E esse momento certo só acontece depois de termos tido o tempo necessário para conhecer quem está do outro lado e, da mesma forma, quando o outro lado teve o tempo necessário para nos conhecer em profundidade a nós.

Quem ama sabe esperar. E quem for realmente especial irá ver nessa linha de comportamento a constância que pretende para a sua relação. Por outro lado, quem procura apenas um momento inconsequente não terá a paciência necessária para esperar, porque encontrará outras companhias mais fáceis de aliciar. E logo aqui estaremos a separar o correcto do precipitado. Sem esforço.

Se o que nos move é apenas encontrar "uma" companhia para a vida, certamente que não teremos de agir assim, mas se o que procurarmos for "a" companhia, então não será com qualquer outra linha comportamental que a iremos cativar.

Sei que não é um caminho fácil. Mas, que me lembre, é o único caminho que nos poderá levar a conhecer alguém realmente especial. Cada qual escolhe o caminho que quer trilhar, mas é bom que o escolha com consciência do fim da linha que o espera.

Uma grande parte das pessoas não mede as consequências dos seus actos porque acham que irão um dia pertencer ao passado. Mas, ao contrário do que pensam, o passado também diz quem hoje somos. E é nesse somatório de actos inconstantes, impensados, incoerentes e inconsequentes que por vezes os outros não se revêem.

Essa é a imagem que iremos transportar para o resto da vida.

1 comentário:

Chloé disse...

Hum...é viver com calma, com assertividade, com vontade de de quando dissermos "amo-te, quero-te fazer feliz" não sejam já uma palavras banalizadas, um sentimento fácil, inconsequente!