domingo, novembro 25, 2007

(Comentário) Sem Abrigo

Pobres dos homens sem abrigo, à mercê das intempéries e de tantas outras maldades, solitários na sua ausência de rumo, de calor humano, de atenção e de compreensão, de carinho e de umas míseras palavras de conforto.

Pobres dos homens sem abrigo, à mercê do nosso desdém e da nossa pena, sózinhos num mundo que lhes é agreste, desconfortável, que os rejeita e coloca de parte, como se de doentes epidémicos se tratassem.

Pobres dos homens sem abrigo, que outrora tiveram mundo, casa, amigos e família, rotinas, emprego, alimentos, cuidados, roupas e condições minimamente dignas de se ser um ser humano.

Pobres do homens sem abrigo, muitos deles inteligentes, que olham hoje para um outro mundo, fora do deles, que se movimenta no paralelismo das suas vidas e que os atropela constantemente na tentativa vã de os fazer desaparecer.

Pobres dos homens sem abrigo, agora ignorados pelo seu semelhante, humilhados pela vida decente dos seus irmãos e afastados pela ordem de uma sociedade que não contempla lugar para semelhantes pessoas.

São a estes sem abrigo que me dirigo na rua, com os quais gasto tempo, palavras e algum dinheiro, nunca muito, mas o suficiente para terem um dia diferente.

E são estes sem abrigo que agora fito nos olhos e que, a cada momento desses, consigo ler dentro das suas almas muito mais do que algum dia imaginei.

Eu estou do lado deles, e vocês?

Sem comentários: