sexta-feira, agosto 10, 2007

(História) Duas Verdades, Ambas Erradas

Numa relação a dois, a forma como ambos se entregam desde o início, é muitas vezes determinante para o seu desfecho.

Vamos analisar uma pequena história onde ambas as conclusões, retiradas por cada um dos intervenientes no fim da relação, são verdade para cada um deles, mas ambas são erradas num contexto global de sentimento envolvido.

A história reza assim:

Uma menina e um menino gostavam muito um do outro. Pareciam até feitos de propósito para aquela relação. Ambos se amavam muito e ambos estavam certos de que tinham encontrado a sua alma gémea.

Mas a menina, porque no passado já tinha amado e por isso mesmo também já tinha sofrido muito, optou desta vez por uma atitude mais segura e comedida (achava ela).

A menina, com medo de dar tudo o que era, com medo de abrir totalmente o seu coração e se magoar depois, optou por dar a conhecer apenas uma parte de si, ser apenas pela metade, defendendo-se assim de um possível fracasso.

Não se envolveu na totalidade, não deu todo o amor que tinha dentro de si, controlou com a razão de quem sabe o que é sofrer, a emoção de tudo o que tinha para dar.

Sabia que assim, se a relação não vingasse, não sofreria também tanto como no passado porque o seu envolvimento estava agora mais controlado, mais racionalizado.

O menino, que desde o primeiro momento abriu o seu coração a este amor, sem medos, sem barreiras e sem fantasmas, cedo começou a perceber que afinal a menina não se entregava da mesma forma que ele, estava muitas vezes não estando e com isso não conseguiam criar uma ligação forte de união, de cumplicidade.

O menino não procurava uma relação qualquer. Procurava antes uma relação especial e única. Abandonou assim a menina, por concluir que se enganara nas características da menina que havia escolhido.

Conclusão:

A menina era de facto especial, única. O menino também. Estavam feitos um para o outro, na perfeição.

A menina, para se defender, deu apenas parte de si. A relação ao não resultar, só lhe deu razão: não sofreu tanto e como tal, tinha-se protegido. Tomou a sua decisão como certa, como a sua verdade e a partir deste momento passou a guiar-se por este tipo de postura, mais racional.

O menino concluiu que a menina afinal não era aquilo que parecia ser. Era uma pessoa mais calculista, mais racional do que ele e com dificuldades em criar uma comunhão, uma cumplicidade.

Era um amor morno, que o menino recusou. Concluiu que aquela menina não era quem procurava, porque não tinha a capacidade de dar. E esta ficou a ser a sua verdade, também correcta, face aos factos de que dispunha.

O menino e a menina nunca mais namoraram e suas vidas separaram-se em definitivo.

A menina deu metade, para se defender. Não sofreu. O menino conheceu metade da menina como se fosse parte inteira. Não a quis. Tanto um como outro decidiram função das suas verdades.

Foram duas verdades, ambas erradas, que os afastaram de vez.

2 comentários:

Anónimo disse...

Desencontros...
a pobre menina...o medo bloqueia-nos...achara um anjo!
o menino...talvez tenha perdido a sua princesa...

Unknown disse...

...os segredos que todos sabemos e os erros que todos cometemos!