sexta-feira, outubro 01, 2004

(Poema) O Outono

Caem as folhas lentamente
Já queimadas por mais um forte verão,
E cai com elas juntamente
A esperança da nossa união.

Passaram de um verde forte cheio de vida
A um castanho meio sem côr,
Perderam a força de outrora
Tal qual o nosso amor.

O tempo ameno e preguiçoso
Faz com que a natureza adormeça,
Tudo vai morrendo calmamente
Como morreu minha beleza.

E o vento arrasta por fim
As provas de uma vida anterior,
Espalham-se por centenas de quilómetros
As sementes do teu amor.

Resta agora uma imensa solidão
Neste corpo fraco e cansado,
Iluminada apenas pelas lembranças
Da harmonia do nosso passado.

Espero apenas que chegue a morte
Para mais nada poder recordar,
E livrar minha alma da dôr
De tanto te ter feito chorar.

Nasci a teu lado
E a teu lado respirei,
Tive em ti a companheira
Que pouco tempo aproveitei.

Confundi meu mal-estar neste mundo
Com algo de errado na nossa relação,
E maltratei a única pessoa
Que por amor me dava a mão.

Curioso como sinto que ainda me amas
Mantendo-me fechado no teu coração,
Mas preferes viver de mal com o mundo
A assumir a tua única paixão.

Hibernado ficarei a aguardar
Que chegue outra primavera,
Pois as sementes espalhadas
Farão nascer uma nova era.

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