terça-feira, setembro 07, 2004

(História) O Menino e o Tesouro

Há muito, muito tempo, um menino encontrou um tesouro. No mundo onde vivia, aquele tesouro não tinha valor material nenhum; mas não deixava de ser um tesouro muito especial - era o simbolo da pureza, honestidade, humildade, caracter e frontalidade.

O menino, talvez por viver num mundo materialista, e talvez por ser apenas um menino, não sabia bem o valor moral do seu tesouro, mas sabia, isso sim, que o amava.

Dedicou-lhe então anos da sua vida, tentando colorir todos os dias do seu tesouro com a alegria e meiguiçe que possuía. O tesouro estava feliz e o menino também.

Só que o menino nunca entendeu o significado daquilo que sabia apenas ser um tesouro, e da responsabilidade que Deus lhe tinha conferido ao dar-lhe a oportunidade de ser ele a descobri-lo; e assim, nunca cresceu.

E ao não crescer, o menino, que até era puro, honesto e humilde, nunca soube o que significava ser perserverante. Aos poucos, e por ainda não ter crescido, o menino foi magoando a sua maior riqueza - o seu tesouro.

Mesmo assim, o seu tesouro, magoado e humilhado, nunca deixou o menino, fazendo-o entender aos poucos que apesar de tanto sofrimento o tesouro não ia embora - estava ali - e o menino aprendeu o que era ser perserverante; neste caso, o tesouro lutava pelo que amava e por tudo aquilo em que acreditava, e mesmo magoado não desviava a sua rota.

O menino aprendeu o significado da palavra perserverança, mas continuou a ser o que era; um simples menino. E como menino que era, entendeu que o tesouro valia muito mais do que ele, e como tal merecia muito mais, que o menino, por ser apenas menino, achava não poder dar.

O tesouro sempre esperou o menino, mas o menino, por achar que não estava à altura, teve medo e afastou-se.

O tesouro, triste, foi embora de vez.

Hoje, o menino já não tem tesouro - não é feliz, mas também já não é menino. Sabe agora que, como menino que foi, nunca mereceu tal oferta de Deus, mas hoje, como homem que é, recorda com tristeza aquele lindo e simples tesouro, que por um dia ter sido menino, perdeu, para nunca mais ter.

E todos os dias este homem reza a Deus pelo seu tesouro, não para o reaver, porque já o perdeu, mas para que da próxima vez Deus dê aquele seu antigo bem precioso a alguém que o possa merecer.

E todos os dias este homem chora porque já não é menino, não é feliz, e não tem tesouro.

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