quinta-feira, setembro 04, 2008

(História) Carta de Um Apaixonado II

Passo os minutos a tentar não pensar em ti. Distraio-me com os cavalos que me passam à porta. Mas até a sua esbelta silhueta me lembram os teus traços. Leio, pinto, toco e escrevo. E na parecença da minha distracção, tu não me sais da cabeça.

Pedes-me para não te enviar mais pergaminhos, mas é certo que a pena não me sai nunca da mão. Se me custa tanto não te enviar um agora mesmo, como farei então nos restantes dias que ainda me restam?

Que crueldade escolheu a vida para mim, amputando-me do meu sonho de menino?

Passo os dias sem saber como não pensar em ti. Peço a Deus para que sejam já poucos os dias que me separam de meu Pai. Já sabes que todo o meu reino de nada vale sem a tua presença.

E tudo o que foi construído, foi erguido pensando em nós. Todos os traços, desenhos, projectos e ensaios tiveram como pano de fundo o nosso amor. Perdi-me em concepções tempo demais. E paguei muito caro por isso. Não percebi que a tua visão da vida era bem mais simples.

E com tudo isto, não sei ainda como não pensar em ti. Porque todos os segundos do meu dia me são preenchidos contigo. Até Marte me conseguiu trair. O jantar de tempos idos não mais se repetiu. Mas a Lua guardou o nosso lugar. Ainda daqui o vejo, sem mais ninguém.

Como posso não pensar em ti, se tudo o que és faz parte de mim?

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