segunda-feira, setembro 15, 2008

(Dissertação) A Paz

Toda a nossa vida é regida por complexos equilíbrios, alguns deles correlacionados, o que torna ainda mais precária a harmonia desejada.

A paz é um desses equilíbrios e, de todos eles, o mais difícil de alcançar.

Em primeiro lugar, porque é muitas vezes resultado final de outros equilíbrios e por isso muito dependente de factores externos.

Depois, porque sempre foi necessária uma grande maturidade para que cada individuo possa ter a exacta noção dos factores de que depende a sua paz.

Apenas com maturidade é possível ir criando e aperfeiçoando um modelo seguro ou caminho para a paz.

É necessário também um enorme conhecimento interior e uma grande capacidade de auto análise e de reflexão (apenas possíveis através da maturidade), pois sem o dissecar do que somos, não é possível elencar os factores necessários para atingirmos a paz.

Para além da maturidade de que falei, importa também perceber que a clarividência com que vemos o que realmente importa nesta vida é outro dos aspectos que, ao lado da maturidade, vai influenciar a facilidade ou a dificuldade com que atingimos e mantemos a paz.

Todos sabemos que a vida contém desilusões, episódios tristes, dificuldades, injustiças e marginalidades e, ao percebermos o que é realmente importante para nós, teremos também a possibilidade de reorganizar internamente estes acontecimentos e de lhes retirar uma parte do peso e da sua importância negativa.

Abordamos então a maturidade e a clarividência como base fundamental para conseguirmos experimentar a paz. Olhemos para elas como características necessárias para a construção do caminho que nos leva até ela.

Convém também referir que entendo a paz não como uma sensação transitória, mas como um estado de espírito estável.

E a paz não pode ter uma decomposição universal, pois ela será certamente demasiado heterogénea aos olhos do universo humano.

Mas a paz tem uma linha própria. Uma linha com uma imensidão de itens. Aqui ficam alguns dos que considero mais importantes:

- Aceitem as vossas limitações, sejam elas físicas ou de outra ordem
- Aceitem a solidão exterior, mas cultivem a vossa companhia intelectual
- Afastem os sentimentos negativos, pois eles são corrosivos da alma
- Apreciem as diferenças nos vossos semelhantes, pois podem sempre aprender com elas
- Abram o vosso espírito ao novo e não o temam, pois vida é novidade
- Procurem sempre a harmonia, porque ela é como que o chão da paz
- Aceitem a derrota, mas procurem sempre melhorar
- Aceitem uma recusa, mas não se recusem a vós próprios
- Persigam os vossos sonhos, pois só assim terão uma vida com significado
e
- Ajudem quem hoje precisa, porque ajudar também faz bem à alma

Acrescentem a estes itens os vossos. Retirem alguns. Ficarão com o vosso guião para caminhar em direcção à paz.

Porque, por vezes, alcançar a paz pode ser mais fácil do que parece.

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