domingo, outubro 26, 2008

(História) Carta de Um Apaixonado IV

Tu sabes que o banal e o fácil nunca me cativaram. Sabes que nasci para ser um Cavaleiro num qualquer Castelo Real. E sabes que sempre soube rápido que caminho tomar. Talvez por ser demasiado atento com a vida e por saber exactamente o que quero para mim.

Conheço muitas mulheres. E também aprendo muito rápido.

Conheço a mulher humilhada que sistematicamente desculpa. Conheço a mulher que pouco sonha para si. Conheço a mulher que é Mãe e esposa, mas que não é mulher. Conheço a mulher que se submete a todo o tipo de controlos, aceitando-os como actos normais.

Conheço a mulher que é feliz sem saber o que é a felicidade. Conheço a mulher que nunca arrisca porque teme a solidão. Conheço a mulher reclusa que se contenta com o pouco que tem. Conheço a mulher que encara o desgaste de uma relação como uma fatalidade normal.

Conheço a mulher que não é capaz de ver longe, porque o longe nunca lhe parece seguro. Conheço a mulher apenas capaz de trocar. Conheço a mulher incapaz de acreditar. Conheço a mulher limitada que não se vê como um ser autónomo e útil. Conheço até a mulher que não acredita poder ser amada de verdade.

Conheço mesmo muitas mulheres. E nenhuma delas é para mim. Simplesmente porque não as quero. Nasci para ser Cavaleiro e Cavaleiro hei-de morrer. E, convenhamos, um Cavaleiro tem sempre a seu lado uma Princesa. E uma Princesa não é mesmo uma mulher qualquer.

Assim, chegados a este fim, me despeço de ti com o mesmo carinho com que te conheci.

Sem comentários: